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sábado, 28 de maio de 2011

DEUS CONTA CONTIGO




Ouço-te, às vezes, coração amigo,
Em torno ao bem, numa questão qualquer:
– «Farei... Conseguirei... Conta comigo...
Se Deus quiser, se Deus quiser...»

Mas não te alteres, a pretexto disso.
De segundo a segundo, estrada a estrada,
A Vontade de Deus é revelada
Em bondade e serviço.

Fita os quadros da gleba, campo afora;
Tudo o que existe, vibra, luta e sente,
Serve constantemente,
Dia-a-dia, hora a hora!...

De alvorada a alvorada, o Sol fecundo,
Sem aguardar requerimento,
Garante sem cessar o equilíbrio do mundo
De seu carro de luz no firmamento.

A fonte, a deslizar singela e boa,
Passa fazendo o bem,
Dessedenta, consola, alivia, abençoa
Sem perguntar a quem...

Sem recorrer a humanos estatutos,
Nem a filosofias enganosas,
A laranjeira estende os próprios frutos,
A roseira dá rosas...

O lírio não se ofende, nem reclama:
Sobre a terra onde alguém lhe deitou a raiz,
Seja em vaso de estufa ou num trato de lama,
Desabrocha feliz.

Assim no mundo, coração amigo,
Faze o bem onde for, seja a quem for;
Em toda parte, Deus conta contigo
Na tarefa do amor.

                                                                        Maria Dolores

In POETAS REDIVIVOS - Francisco Cândido Xavier/Diversos Espíritos

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Abusar da Prece.MP4

ENCONTRO DE PAZ



Frequentemente, anseias por segurança e tranquilidade, no entanto, é forçoso não esquecer que paz e estabiilidade estão em ti e se irradiam de ti.
Se o tumulto te rodeia, envia pensamentos de harrmonia aos que se emaranham nele, desejando-lhes reajuste
Ante conflitos que surjam, silencia projetando vibrações de entendimento a quantos se lhes fazem vítimas, aspirando a vê-los repostos na luz da fraternidade.
À frente de companheiros entregues à desesperação, imagina-te a envolvê-los em serenidade, rearticulando-lhes o otimismo e a esperança.
Perante o desequilíbrio de alguém, auxilia a esse alguém com os teus votos íntimos de recuperação e repouso.
Se te vês ao lado de um enfermo, detém-te a meditar em melhora e restauração, augurando-lhe saúde e alegria.
Diante de irmãos abatidos e tristes, canaliza para eles as tuas mais amplas idéias de reconforto.
Quando ouvires uma pessoa imatura ou portadora de conversação menos feliz, busca socorrê-la sem palavras, encaminhando-lhe mensagens inarticuladas de compreensão e simpatia.
Se te recordas de amigos ausentes, mentaliza apoio e bondade, relativamente a eles, a fim de protegê-los e animá-los na execução dos compromissos que abraçam.
Saibamos suprimir de sentimentos, idéias, atitudes, palavras e ações tudo o que relacione com ressentimento, perturbação, ódio, azedume, amargura ou violência e, trabalhando e servindo no bem de todos, procuremos agir e pensar em paz, doando paz aos que nos compartilham a vida.
O Reino dos Céus é luz de amor em refúgio de paz e não nos será lícito olvidar que Jesus, a cada um de nós, afirmou, convincente: – "Não procures o Reino de Deus aqui ou além, porque o Reino de Deus está dentro de ti."
EMMANUEL
Uberaba, 5 de junho de 1973. In ENCONTRO DE PAZ - Francisco Cândido Xavier/Diversos Espíritos.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

INSTANTES



Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima cometeria mais erros.

Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.

Seria mais tolo do que tenho sido.

Na verdade bem poucas coisas levaria a sério.

Seria menos higiênico.

Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria em mais rios.

Iria a mais lugares aonde nunca fui, tomaria mais sorvete e comeria menos lentilha, teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.

Eu fui uma destas pessoas que viveram sensata e produtivamente cada minuto da sua vida; claro que tive momentos de alegria. Mas se pudesse voltar a viver, procuraria ter somente bons momentos. Porque, se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos; Não percam o agora.

Eu era um desses que nunca iam a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas.

Se voltasse a viver, viajaria mais leve.

Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono.

Daria mais voltas de carrossel, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez minha vida pela frente.

Mas, como sabem, tenho 85 anos e sei que estou morrendo...
Jorge Luís Borges (1899-1987)

quarta-feira, 25 de maio de 2011

QUANDO HOUVER AMOR...




Todas as sociedades do Planeta passam pôr um estado de amarga inquietação e dor. Para onde quer que for dirigida atentamente a nossa observação vemos a movimentação do desespero e o clamor da angústia.

É a inconformação política; é a inconsistência moral; é a luta sem interrupção contra o tráfico de alucinógenos; é a disputa do poder associada à cobiça pelo dinheiro fácil; é o desregramento sexual facilitado pelo expurgo da censura; é, finalmente, a ação do vício em toda a plenitude de suas formas de manifestação egoísta, enquanto, somente no Brasil, as estatísticas comprovam cerca de 50 milhões de miseráveis!

Em face disso cresce em muitos a ausência de fé, pois raciocinam como o autor destas linha antes de ser espírita - que se Deus existisse não haveria de permitir tamanho descalabro. Não há, neles, um raciocínio sadio, consciente, dentro de uma filosofia consistente. Há apenas exacerbação de um sentimento de revolta sem a participação efetiva de um pensar inteligente na conformidade das leis que regem o Universo.

Em todas as épocas da História identifica-se a presença de homens inspirados que vieram ao mundo com a missão de ensinar e refletir, de trabalhar e contribuir para o progresso, apontando os caminhos da iluminação e da sabedoria. Assim, surgiram os chamados iniciados na Índia, na China, no Egito, na Pérsia, na Grécia, entre os hebreus etc.

Desde Rama a Confúcio, de Hermes a Zoroastro, de Moisés a Sócrates, uma infinidade de pensadores, profetas e filósofos têm chamado a atenção da Humanidade para a objetividade maior da vida e para os riscos do destino.

Hoje, está entre os homens o Espiritismo, como Consolador prometido pelo Mestre excelso, a expor toda a verdade em torno de nossa própria realidade à luz da razão, revelando a vida, o Espírito e Deus como poder absoluto na autoria do Universo sem fronteiras.

Apontando reencarnação como processo natural da evolução do Espírito, o Espiritismo vem esclarecer que nós, todos nós, hoje protestamos desesperados contra a violência e as paixões promotoras do mal, fomos, em épocas passadas, em nossa insipiência moral, causadores, por nossa vez, de maldades e loucuras e que, em função das leis evolucionistas, sofremos, aprendemos e crescemos para novos estágios de aperfeiçoamento.

Não obstante a lentidão do processo, aprendemos a seguir as leis do bem através do amor, sofrendo as consequências de nossas quedas ou desvios.

A Doutrina Espírita nos ensina, ainda, que o desenvolvimento da ciência do amor não é algo que, estanque, para naqueles que se vão esclarecendo. É dever daqueles que se esclarecem ou se iluminam esclarecer e iluminar os que os acompanham de perto, sobretudo pela ação do próprio amor, tendo no exemplo o coadjuvante educacional.

Compete-nos, assim, voltar os olhos para a grande massa angustiada e enfermiça com expressões de muito amor e conduta fraternal.

Quanto mais amor, mais exemplificações positivas, mais fidelidade ao Evangelho de Jesus, que constitui o insuperável código de edificação da fé viva e racional que há de trabalhar na reforma íntima de todas as almas para sedimentar nas mentes e nos corações as novas sociedades que hão de florescer logo mais.

Quando houver amor suficiente nas almas, em todas as almas, não mais haverá campo para o mal, não haverá lugar para o ódio, não mais haverá estímulos para a cobiça, a inveja, o ciúme, numa palavra, para os vícios.

Quando houver amor, os responsáveis pela ordem política e social não cometerão o deslize espiritual de cogitar de leis severíssimas e estúpidas que atentem contra a vida, mas tratarão de perscrutar as causas das violências e dos crimes.

Quando houver amor deixará de existir a miséria social. Haverá a existência digna sem ausência de pão, e educação deixará de ser apanágio das classes melhor aquinhoadas de bens materiais.

Quando houver amor o rico terá remorso diante do pobre e a miséria não mais terá cabimento no seio das sociedades que se desenvolvam sob a bandeira da democracia e as bênçãos do evangelho do Cristo.

Finalmente, quando houver amor, a educação e a saúde, o bem estar e a moral cívica abrangerão a todos em discriminações na pirâmide social, normalmente, num país iluminado pelo cruzeiro do sul e que guarda em sua estrutura geográfica semelhança com a forma do humano coração.
Inaldo Lacerda Lima