Desafios da Educação para a
atualidade
O Ser Humano difere dos demais
componentes da rede da vida por uma básica característica que o coloca no ápice
dessa mesma rede, os sentimentos.
Sentimentos, que podem ser
caracterizados como variadas nuances do Amor, em seus diferenciados matizes de
expressão.
A psicologia da atualidade,
debruçando-se sobre a complexidade do psiquismo humano, propõe a catalogação de
suas expressões inteligentes em três categorias –as inteligências intelectual,
emocional e espiritual-, educar, portanto, deve envolver propostas que
possibilitem o desenvolvimento harmônico dessa três características humanas.
Em
1994 foi aprovado o Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o
Século XXI, coordenada por Jacques Delors. O Relatório está publicado em forma
de livro no Brasil, com o título Educação: Um Tesouro a Descobrir (UNESCO, MEC,
Cortez Editora, São Paulo, 1999).
Neste livro, a discussão dos
"quatro pilares" ocupa todo o quarto capítulo, pp. 89-102, podendo
ser resumido como “Aprender a Conhecer”, “Aprender a Fazer” , “Aprender a
Conviver” e “Aprender a Ser”.
Uma proposta, portanto, que
compreende a amplitude do Ser Humano em seu processo de construir-se humano,
preenchendo as necessidades educacionais em qualquer época.
Por outro lado, é inegável perceber
a sociedade em profunda crise de valores, onde justiça, equidade, cooperação e
solidariedade parecem fora de moda. Neste contexto, a educação,
indiferentemente se pública ou privada, reproduz os pseudovalores da sociedade,
contribuindo para o agravamento do descalabro social (e pessoal), quando
deveria atuar no sentido oposto.
O processo educativo deve enfatizar
o aprender a “Pensar” e “Pensar Criativamente”. Parafraseando Lipman, pensar
seria fazer associações e pensar criativamente importaria em fazer associações
novas e diferentes. (Lipman, 1995).
Pensar seria, portanto, o processo
de descobrir relações existentes na realidade e representá-las em nossas consciências
e que isso nos permita atinar para os significados ou os sentidos que, de
alguma forma, estão dados nessa mesma realidade.
O pensamento criativo reveste-se de
características essenciais, como, habilidade, talento, julgamento criativo,
inventividade, produção de novas alternativas ou hipóteses plausíveis, etc.
As profundas mudanças em curso, em
âmbito planetário, envolvendo aspectos climatológicos, geológicos, sociais,
culturais e econômicos -lembrar o aquecimento global, a crise econômica na
Europa e EUA, as radicais transformações em curso na Ásia-, estão a solicitar
uma nova forma de ver o mundo e, principalmente, de com ele interagir.
Educar para a sociedade de consumo
que estertora, seria deseducar para a nova estrutura social que se avizinha.
Os processos, métodos e objetivos do
educar urge reinventarem-se na perspectiva da formação do ser humano
autoconsciente e autônomo.
O foco deve voltar-se para o
desenvolvimento de autonomia e autoria de pensamento, em que o conhecimento
seria apresentado de forma criativa e ensejar-se-ia reflexões vivenciais
construtoras de um novo saber adaptado as necessidades da tessitura sócio-ecológica
que se avizinha.
O grande desafio envolve educar para
a transcendência, para a dimensão da espiritualidade, sem perder o pragmatismo
que caracteriza a práxis da cultura ocidental.