Páginas

quarta-feira, 18 de junho de 2014

 AFETIVIDADE E CONFLITOS

Oi

O ponto de partida não seria entender e elucidar as dúvidas conceituais que vc apresentou em seu email, mas o histórico existencial emocional que existe no subterrâneo dessas dúvidas, quais as experiências vivenciadas que geraram os conflitos que suscitam essas dúvidas...

Suas dúvidas não constituem a problemática em si, apenas uma forma de expressar os conflitos interiores que, de certa forma, infelicitam sua vida e, paradoxalmente, geram solidão a alguém que anseia por dar e receber afeto, amor e carinho... Aliás, característica natural do ser humano...

O melhor processo, pois, seria um diálogo agendado, que se desenrolaria em etapas que iriam trabalhando ponto por ponto as experiências conflituosas, ressignificando-as... Até lá, vamos a alguns esclarecimentos...

Primeiramente, a sensibilidade em si não atrapalha a trajetória evolutiva do ser, ao contrário, constitui instrumento evolutivo, ferramenta através da qual o ser se desenvolve enquanto humano, a caminho da angelitude...

O processo de socialização, porém,  apresenta-se com características castradoras da expressão dessa sensibilidade, da afetividade, construído que foi sob parâmetros das religiões que transformaram em pecado várias expressões da afetividade, em especial no que se relaciona à sexualidade...

Dessa forma, é comum confundir-se afeto e suas formas de se expressar e apelo ao sexo... Culturalmente existe uma enorme dificuldade de compreensão de uma relação fraterna extremada pela afetividade, sem que se imagine a sexualidade embutida no processo... Um exemplo, é comum as pessoas maldarem as amizades homem/mulher...

Essa construção cultural disseminada pelo tecido social, gera conflitos nas próprias pessoas que, ao perceberem a afetividade a se expressar, confundem-na com desejos de características sexuais, o que dificulta a relação...

Tudo, porém, origina-se desse conceito de ver e perceber a sexualidade na dimensão de erro, algo sujo, pecaminoso... O que, mesmo na realidade moderna da exagerada liberdade sexual, do ficar e congêneres, as pessoas vivem o modismo, mas conflituam-se e, o que é pior, condicionam comportamentos...

Ser emotivo, amar e demonstrar amor, dentro do equilíbrio da não possessividade, é sintoma de evolução do ser no sentido da humanidade...

Porém, no contexto social vigente, de pessoas em conflito com sua afetividade e vinculando-a exclusivamente à sexualidade animalizada, os mais sensíveis raramente são entendidos, vez que desafiam essas outras pessoas a vivenciarem seus conflitos mais interiores, mascarados pelo afã de gozar a vida, ou pelo falso moralismo...

Aprender a expressar os sentimentos é de fundamental importância no processo de educação dos sentimentos... As pessoas, porém, de um modo geral acham realmente careta ser afetivo, isso em função dos conflitos interiores que insistem por mascarar...

Assim, todo aquele que se destaca nesse processo do aprender a ser humano irá despertar amor e ódio... Amor naqueles poucos que entendem a necessidade da educação dos sentimentos; ódio, na grande maioria que ainda teima em se manter em seus conflitos interiores mascarados pela empáfia do conformismo social e cultural...

Isso acontece em todos os extratos sociais, em todos os grupos e, como não poderia deixar de ser, dentro do movimento espírita...

Amar, pois, sentir afetividade e expressá-la nada tem de errado... Apenas precisamos, aqueles que começamos a despertar para esse processo mais acurado de humanização, estar atentos a não nos tornarmos demasiadamente incomodantes do conformismo, através do comedimento de nossas expressões afetivas... Jamais, porém, violentando nossa afetividade e aprendizado na vida...

Parabéns por fazer parte do grupo dos que amam e não se envergonham de sentir e expressar seus sentimentos, dentro da responsabilidade que deve caracterizar toda vivência humana!!!

Sawabona
José Morais Ferreira

terça-feira, 17 de junho de 2014

Morte e Perda

Oi,

Entendo a alegoria do luto e compartilho...

Embora nessa dimensão alegórica, apenas! Na dimensão maior da vida, na transpessoalidade do ser e existir as perdas inexistem!

Somos energia cósmica que forjou uma forma física transitória e efêmera para nos relacionarmos, interagirmos e aprendermos, numa caminhada evolutiva que teve começo, mas não tem fim, avança pela eternidade da intemporalidade multidimensional.

Tudo o que unirmos na Terra, essa dimensão do ego, da persona, do transitório, do temporal, será eternamente unido no céu, a realidade transpessoal.

Na transpessoalidade, a eternidade cósmica da união e comunhão, na individualidade do ser e do aprender a ser, nos coloca apenas como amigos temporariamente distanciados pelos véus da percepção, embora não do existir...

Podemos, mesmo, em nos dispondo descerrar os véus, transcender os limites da percepção e atingir essa união cósmica, embora apenas por breves momentos na nossa dimensão da vida...

Os que partiram apenas encontram-se envoltos nos véus, continuam suas existências, suas caminhadas, seus processos evolutivos e nos veem e acompanham, vez que, de lá para cá os véus translucidam-se...

Então, apenas saudade, temporária distância perceptiva, jamais ausência ou perda!!!

Paz
Jose Morais Ferreira

terça-feira, 14 de agosto de 2012


Desafios da Educação para a atualidade

O Ser Humano difere dos demais componentes da rede da vida por uma básica característica que o coloca no ápice dessa mesma rede, os sentimentos.

Sentimentos, que podem ser caracterizados como variadas nuances do Amor, em seus diferenciados matizes de expressão.

A psicologia da atualidade, debruçando-se sobre a complexidade do psiquismo humano, propõe a catalogação de suas expressões inteligentes em três categorias –as inteligências intelectual, emocional e espiritual-, educar, portanto, deve envolver propostas que possibilitem o desenvolvimento harmônico dessa três características humanas.

Em 1994 foi aprovado o Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, coordenada por Jacques Delors. O Relatório está publicado em forma de livro no Brasil, com o título Educação: Um Tesouro a Descobrir (UNESCO, MEC, Cortez Editora, São Paulo, 1999).

Neste livro, a discussão dos "quatro pilares" ocupa todo o quarto capítulo, pp. 89-102, podendo ser resumido como “Aprender a Conhecer”, “Aprender a Fazer” , “Aprender a Conviver” e “Aprender a Ser”.

Uma proposta, portanto, que compreende a amplitude do Ser Humano em seu processo de construir-se humano, preenchendo as necessidades educacionais em qualquer época.

Por outro lado, é inegável perceber a sociedade em profunda crise de valores, onde justiça, equidade, cooperação e solidariedade parecem fora de moda. Neste contexto, a educação, indiferentemente se pública ou privada, reproduz os pseudovalores da sociedade, contribuindo para o agravamento do descalabro social (e pessoal), quando deveria atuar no sentido oposto.

O processo educativo deve enfatizar o aprender a “Pensar” e “Pensar Criativamente”. Parafraseando Lipman, pensar seria fazer associações e pensar criativamente importaria em fazer associações novas e diferentes. (Lipman, 1995).

Pensar seria, portanto, o processo de descobrir relações existentes na realidade e representá-las em nossas consciências e que isso nos permita atinar para os significados ou os sentidos que, de alguma forma, estão dados nessa mesma realidade.

O pensamento criativo reveste-se de características essenciais, como, habilidade, talento, julgamento criativo, inventividade, produção de novas alternativas ou hipóteses plausíveis, etc.

As profundas mudanças em curso, em âmbito planetário, envolvendo aspectos climatológicos, geológicos, sociais, culturais e econômicos -lembrar o aquecimento global, a crise econômica na Europa e EUA, as radicais transformações em curso na Ásia-, estão a solicitar uma nova forma de ver o mundo e, principalmente, de com ele interagir.

Educar para a sociedade de consumo que estertora, seria deseducar para a nova estrutura social que se avizinha.

Os processos, métodos e objetivos do educar urge reinventarem-se na perspectiva da formação do ser humano autoconsciente e autônomo.

O foco deve voltar-se para o desenvolvimento de autonomia e autoria de pensamento, em que o conhecimento seria apresentado de forma criativa e ensejar-se-ia reflexões vivenciais construtoras de um novo saber adaptado as necessidades da tessitura sócio-ecológica que se avizinha.

O grande desafio envolve educar para a transcendência, para a dimensão da espiritualidade, sem perder o pragmatismo que caracteriza a práxis da cultura ocidental.

sábado, 31 de março de 2012

O TALENTO ESQUECIDO

 
No mercado da vida, observamos os talentos da Providência Divinafulgurando na experiência humana, dentro das mais variadas expressões. Talentos da riqueza material, da intelectualidade brilhante, da beleza física, dos sonhos juvenis, dos louros mundanos, do brilho social e doméstico, do poder e da popularidade.


Alinham-se, à maneira de jóias grandes e pequenas, agradáveis e preciosas, estabelecendo concorrência avançada entre aqueles que as procuram.

Há, porém, um talento de luz acessível a todos. Brilha entre ricos e pobres, cultos e incultos. Aparece em toda parte. Salienta-se em todos os ângulos da luta. Destaca-se em todos os climas e sugere engrandecimento em todos os lugares.

E o talento da oportunidade, sempre valioso e sempre o mesmo, na corrente viva e incessante das horas.

É o desejo de doar um pensamento mais nobre ao círculo da maledicência, de fortalecer com um sorriso o ânimo abatido do companheiro desesperado, de alinhavar uma frase amiga que enterneça os maus a se sentirem menos duros e que auxilie aos bons a se revelarem sempre melhores, de prestar um serviço insignificante ao vizinho, plantando o pomar da gratidão e da amizade, de cultivar algum trato anônimo de solo, onde o arvoredo de amanhã fale sem palavras de nossas elevadas intenções.

Acima de todos os dons, permanece o tesouro do tempo.

Com as horas os santos construíram a santidade e os sábios amealharam a sabedoria.

É com o talento esquecido das horas que edificaremos o nosso caminho, no rumo da Espiritualidade Superior, na aplicação silenciosa com o mestre que, atendendo compassivamente às necessidades de todos os aprendizes, prometeu, com amor, não somente demorar-se conosco até ao fim dos séculos terrestres, mas também asseverou, com justiça, que receberemos individualmente na vida, de acordo com as nossas próprias
obras.

Pelo Espírito Emmanuel XAVIER, Francisco Cândido. Caridade. Espíritos Diversos. IDE.

domingo, 18 de março de 2012

AS MARCAS QUE DEIXAMOS


Muitas são as metáforas que procuram nos despertar para o fato de que tudo que fazemos, pensamos, sentimos, ou mesmo deixamos de fazer, tem consequências inelutáveis em nossas vidas...

Uma delas refere-se a colocar pregos numa tábua a cada vez que nos irritarmos com algo ou alguém e, após certo tempo nesse afair, retirá-los... Perceberemos que a tábua ficará indelevelmente marcada...

Outra consiste em amassar uma folha de papel, fazendo com ela uma bola e depois voltar a estirá-la... Iremos constatar que a folha não mais será a mesma, embora se torne mais flexível... As marcas do nosso ato ficam marcadas nela por toda sua existência...

Importa entender, porém, que o universo é vibracional... Tudo vibra, cada corpo celeste tem sua vibração específica, cada ser vivo, portanto vibra...

Vivemos num mar de vibrações, sejam elas percebidas ou não... Pensamentos, ações, inações, sentimentos, são vibrações que agem em nós e em tudo com que interagimos...

Sempre estamos deixando marcas nas estradas da vida...

Quase nem percebemos, mas as marcas ficam...

Possamos estar nos comportando de forma a deixar marcas de companheirismo, fraternidade, verdade, respeito, tolerância, compreensão, solidariedade, amizade, amor... Marcas do humanismo que já conseguimos construir em nós!!!

domingo, 11 de março de 2012

A SIMPLICIDADE DA VIDA


A vida é simplicidade!

As dificuldades que enfrentamos, em sua maioria, nascem por nossa teimosia em complicar as coisas, em dar atenção à ilusão em detrimento da realidade...

Cultivamos algumas crenças existenciais que, por se estruturarem em pseudo-valores, desvinculam-nos dos rumos do equilíbrio interior, angariando-nos conflitos a nos angustiarem a alma...

Valorizamos extremadamente o Ter -e sempre estamos na frenética busca de mais e mais acumular coisas- em detrimento do ser, cuja construção constitui tarefa indelegável para nossas existências...

Consideramos o Trabalho um castigo do qual ansiamos por nos livrar e seguimos de mal com a vida, por ser ela essencialmente Trabalho, movimento, fluir...

Estudar, aprender, avaliamos como algo difícil e chato, maçante e, assim, fugimos de variadas oportunidades que se nos apresentam, verdadeiros convites ao crescimento...

Negamos sentimentos e cerceamos sua expressão, não nos permitindo falar sobre eles às pessoas que amamos, aos amigos... Acalentamos uma certa “vergonha” em nos mostrarmos sensíveis, a não ser quando algum interesse imediato está em jogo...

A proposta da vida, contudo, centra-se em que vivenciemos as experiências que nos chegam, de forma plena e reflexiva, único caminho do aprendizado da verdade que liberta da ignorância e do conflito interior...

Procuremos estar atentos às coisas simples da vida, vivendo-as em plenitude e estaremos descobrindo o endereço da paz e da felicidade, ao tempo que nos construímos pessoas melhores...

segunda-feira, 5 de março de 2012

SEJA PONTE


Estar com a razão; ser o certo, coisas que massageiam tanto o nosso ego...

Muitas vezes perdemos tempo demasiado tentando demonstrar a firmeza de nossas ideias, e com tal vigor que esquecemos de ouvir o outro e, não raro, caso nos dedicássemos a ouvi-lo perceberíamos estarmos ambos falando a mesma coisa de forma diferente...

Gostamos de vencer disputas de percepção das coisas, filosóficas, políticas ou de qualquer outro teor... Quando alguém duvida do que falamos e provamos que estávamos corretos nos sentimos vencedores e gratificados...

Defendemos rigidamente nossas ideias e propostas... Em reuniões é comum esgotarmos largo tempo discutindo opiniões, banalidades, defendendo pontos de vista, em detrimento do avanço no tema da pauta...

Precisamos aprender a ser aquele que liga opostos... Aquele que faz a coisa fluir, como um surfista sobre as ondas, buscando os caminhos nem sempre vislumbrados...

Necessitamos aprender a ser ponte... Ponte que liga a dimensão terrena à eternidade celestial da dimensão espiritual...

“Para ser ponte, compreenda, perdoe e deixe as pessoas passarem por você. Para ser ponte, esteja no fim da estrada daqueles que não encontram o caminho de volta.”

“Seja a passagem, e não o atalho, seja o caminho livre e não o pedágio. Se você não tem outro motivo para ser feliz, seja feliz por ser ponte. Ponte significa união, ligação, laços de afeição.

Que possamos nos estruturar como pontes... Ligando os opostos... Possibilitando apertos de mãos... Conectando corações...

A partir do nosso próprio coração que se abre para as expressões mais elevadas do amor e nos coloca, definitivamente, na marcha ascensional da vida maior...