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sábado, 9 de julho de 2011

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MEDO E MORTE




Os mecanismos de evasão do ego mascaram a realidade do self, normalmente receoso de emergir e predominar, o que é a sua fatalidade.

Fatores ponderáveis, porém, respondem pelos estados fóbicos do ser, desde os distúrbios gerados pelo quimismo cerebral, responsáveis por desarmoni­as variadas, até os fenômenos de natureza psicológi­ca, decorrentes dos conflitos vivenciados pela mãe gestante, reacionária à concepção, tensa ante a res­ponsabilidade, amargurada pelas incertezas, e os in­sucessos de parto, predominando os choques pós­natais quando o ser é retirado do aconchego intra­uterino, onde se sente seguro, e colocado num meio hostil no qual tudo parece ameaçar-lhe a frágil exis­tência.

Podem-se assinalar ainda outros fatores, quais os de natureza psicogênica, como de caráter preponde­rante na formação patológica dos comportamentos fóbicos.

A educação no lar, a mãe dominadora e o pai ne­gligente ou reciprocamente, não raro esmagam a per­sonalidade do educando durante o trânsito infantil.

São inumeráveis os fatores preponderantes como predisponentes nas psicopatologias do medo, respon­sáveis por estados lamentáveis na criatura humana.

Insinua-se o medo de forma sutil, aparentemente lógica, tomando conta das paisagens da psique, como insegurança tormentosa povoada de pesadelos hórri­dos, que levam a alucinações e impulsos incontrolá­veis de fuga até mediante o concurso da morte.

Com o tempo, alternam-se as condutas no paci­ente: apatia mórbida ou pavor contínuo, ambas de gra­vidade indiscutível.

Na psicogênese, porém, dos estados fóbicos em geral, não se pode descartar a anterioridade existen­cial do ser, em Espírito, peregrino que é de inumerá­veis reencarnações, cuja história traz escrita nas te­celagens intrincadas da própria estrutura espiritual.

Comportamentos irregulares, atividades lesadoras, ações perversas ocultas que não foram desvela­das, inscrevem-se na consciência profunda como ne­cessidade de reparação, que ressurgem desde a nova concepção, quando ocorrem os fatores que os desper­tam, permitindo-lhes a imersão do inconsciente, e pas­sam a trabalhar o ser real, levando-o da insegurança inicial ao medo perturbador.

A reencarnação é método para o Espírito apren­der, agir, educar-se, recuperando-se quando erra, re­parando quando se compromete negativamente.

Inevitável a sua ocorrência, ela funciona por automatismo da Vida, impondo as cargas de uma experi­ência na seguinte, em mecanismo natural de evolução.

Inscritos os códigos de justiça na consciência in­dividual, representando a Consciência Cósmica, nin­guém se lhe exime aos imperativos, por ser fenômeno automático e imediato.

A cada ação resulta uma reação semelhante, por­tadora da mesma intensidade vibratória.

Quando re­calcado o efeito, ele assoma, predominante, propici­ando os estados de libertação ou sofrimento, confor­me seja constituído o seu campo de energia.

O autodescobrimento é a terapia salutar para que sejam identificadas as causas geradoras e, ao mesmo tempo, a conscientização de quais recursos se podem utilizar para a liberação.

Conhecendo o fator responsável pelo medo, antepor-se-lhe-á a confiança nas causas positivas, que re­sultarão em futuros equilíbrios de fácil aquisição.

Ao lado das terapias acadêmicas, conforme a etio­patogenia do medo em cada criatura, a renovação pessoal pelo otimismo, a auto-estima, o hábito das ideações elevadas, da oração, da meditação, consti­tuem eficientes recursos curativos para o auto-encon­tro, a paz interior.

O medo é inimigo mórbido, que deve ser enfren­tado com naturalidade através do exercício da razão e da lógica.

Entre as várias expressões de medo ressalta o da morte, herança atávica dos arquétipos ancestrais, das religiões castradoras e temerárias, dos cultos bár­baros, das conjunturas do desconhecido, das imagens mitológicas que desenharam no tecido social as im­pressões do temor, das punições eternas para as cons­ciências culpadas, dos horrores inomináveis que o ser humano não tem condições de digerir...

O pavor da morte, às vezes patológico, afigura-se tão grave, que a criatura se mata a fim de não aguar­dar a morte...

Compreensívelmente, desde o momento da con­cepção manifesta-se o fenômeno da transformação celular ou morte biológica. Nesse processo de trans­formações incessantes, chega o momento da parada final dos equipamentos biológicos, e tal ocorrência éperfeitamente natural, não podendo responder pelos medos e pavores que têm sido cultivados.

Não é a primeira vez que ocorre a morte do corpo, na vilegiatura da evolução dos seres. O esquecimento do fenômeno, de maneira alguma, pode ser conside­rado como desconhecido pelo Espírito, que já o vi­venciou antes.

Um aprofundamento mental demonstra que a morte não dói, não apavora, mas o estado psicológi­co de cada um, em relação à mesma, transfere as im­pressões íntimas para o exterior, dando curso às ma­nifestações aparvalhantes.

A Psicologia transpessoal, lidando com o ser psí­quico, o ser espiritual, sabe-o em processo de evolu­ção, entrando no corpo — reencarnação — e dele saindo — desencarnação — da mesma forma que o corpo se utiliza de roupas, que lhe são necessárias e dispen­sáveis, conforme as ocasiões.

O simples hábito de dormir, quando se mergulha na inconsciência relativa, é uma experiência de morte que deve servir de padrão comparativo para o fim do processo biológico.

Conforme o eu profundo considere a morte, povoando-a de incertezas, gênios do mal, regiões puniti­vas ou aniquilamento, dessa forma a enfrentará. O oposto igualmente se dá. Vestindo a morte de esperança de reencontros felizes, de aspirações enobrecidas, de agradável despertar, ocorrerá o milagre da vida.

O medo da morte decorre da ignorância da reali­dade espiritual e do apego ao transitório físico.

Freud afirmava que o instinto da morte é superior ao de conservação da vida, o que é perfeitamente na­tural, tendo-se em vista que o corpo é fenômeno, e este passa, permanecendo a causa, que é a energia, a vida em si mesma.

A psicoterapia preventiva, como curadora para o medo da morte, propõe uma conduta harmônica com os níveis superiores de consciência desperta, lúcida, avançando para a transcendência do eu, até culminar na identificação com a Cósmica.

Pensar e agir bem.

Amar e amar-se.

Servir, como forma de ser feliz.

Vincular-se à Fonte da Vida Perene, Causal e Ter­minal.

Meditar, beneficiando-se com o autodescobrimen­to e tornando-se um agente de esperança e de paz, eis como viver sem morrer e morrer para perpetuar a vida.

DIVALDO P. FRANCO - O SER CONSCIENTE - Pelo Espírito Joanna de Ângelis

sexta-feira, 8 de julho de 2011

A CONQUISTA DO SELF


Todos necessitamos de viajar para dentro, a fim de nos descobrirmos, desidentificando-nos daquilo que nos oculta aos outros e a nós próprios.

Retraídos, em atitude defensiva, por falso apoio de raciocínios incompletos, preferimos não permitir que pessoa alguma volte a magoar-nos, como outras já o fizeram no passado.

Colecionamos, desse modo, ressentimentos e temores que nos levam a um comportamento de autopi­edade, marchando para um estado patológico de au­todestruição.

Um enfrentamento consciente com nossas mágo­as irá demonstrar-nos que elas não são verdadeiras, nem têm sentido, sendo fruto da imaturidade e da presunção do ego que se atribui merecimentos que não tem.

Normalmente, o que consideramos desrespeito dos outros em relação a nós, resulta de nossa ótica equivocada ao observar os fatos, de precipitação ou mesmo de certo grau de paranóia.

Constituído por estímulos, o nosso relacionamen­to é malsucedido, porque não sabemos produzir o en­contro, quando nos acercamos de alguém.

Evitando abrir-nos à relação, permanecemos sus­peitosos e a nossa estimulação é negativa, provocan­do uma resposta de rejeição.

Em processo de mudanças constantes, as pes­soas são imprevisíveis, o que é muito bom, pois que esse fenômeno proporciona novos descobrimentos e correções de conceitos.

Quando nos apresentamos a alguém com since­ridade, esse alguém se nos desvela com fidelidade. Um estímulo revigorante e dignificador provoca uma correspondência equivalente.

Ao nos darmos a alguém, conhecido ou não, ofer­tamos uma parte, algo valioso de nós.

Se a outra pessoa não souber responder, não há problema para nós, porque verdadeiramente somos o que expressamos, de que nos não podemos arre­pender, nem nos devemos sentir magoados.

Aceitar o mau humor alheio é sintonizar com ele, permitir que nos digam e imponham como devemos agir e nos comportar.

A nossa contribuição à sociedade é preservar-lhe a saúde na forma do inter-relacionamento pessoal, educando os rudes e medicando os enfermos, os anti-sociais.

A mágoa é consequência da imaturidade psico­lógica e a atitude retraída, desconfiada, resulta de predominância da nossa natureza animal sobre a na­tureza espiritual.

A conquista do self com todos os seus atributos e possibilidades constitui a meta primordial da existência terrena, em cuja busca devemos investir todo o potencial humano, emocional, moral, intelectual.

Considerando-nos em constante processo de crescimento, que decorre das experiências vividas e dos conhecimentos hauridos, a nossa busca do ser espiritual que somos, torna-se-nos imprescindível.

A vigilância em torno das armadilhas do ego, há­bil disfarçador de propósitos, constitui-nos um moti­vo para superá-lo, a fim de fruirmos felicidade real.

Nesse sentido, a desidentificação dos apegos e paixões surge como passo decisivo no programa de libertação. Para o desiderato, o amor-próprio deve ser revisto, a fim de ser substituído pelo auto-amor pro­fundo, sem resquícios egoísticos, geradores do per­sonalismo doentio que nos leva a conflitos perfeita­mente evitáveis.

A reencarnação tem como objetivo a autoconquis­ta, que propicia a realização intelecto-moral recomenda­da por Allan Kardec como indispensável à sabedoria, que sintetiza a aquisição do conhecimento com o amor.

Quando essa meta não é alcançada, reencarna-se o ser e desencarna para retornar, em verdadeira roda de samsara, até quando as Leis estabelecem ex­piações lenificadoras que interrompem o círculo vici­oso, para fomentar o progresso.

Surge o imperativo da dor em lugar do amor, ex­pressão inevitável para o progresso constante dos Estatutos Divinos.

DIVALDO P. FRANCO - O SER CONSCIENTE - Pelo Espírito Joanna de Ângelis