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terça-feira, 14 de agosto de 2012


Desafios da Educação para a atualidade

O Ser Humano difere dos demais componentes da rede da vida por uma básica característica que o coloca no ápice dessa mesma rede, os sentimentos.

Sentimentos, que podem ser caracterizados como variadas nuances do Amor, em seus diferenciados matizes de expressão.

A psicologia da atualidade, debruçando-se sobre a complexidade do psiquismo humano, propõe a catalogação de suas expressões inteligentes em três categorias –as inteligências intelectual, emocional e espiritual-, educar, portanto, deve envolver propostas que possibilitem o desenvolvimento harmônico dessa três características humanas.

Em 1994 foi aprovado o Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, coordenada por Jacques Delors. O Relatório está publicado em forma de livro no Brasil, com o título Educação: Um Tesouro a Descobrir (UNESCO, MEC, Cortez Editora, São Paulo, 1999).

Neste livro, a discussão dos "quatro pilares" ocupa todo o quarto capítulo, pp. 89-102, podendo ser resumido como “Aprender a Conhecer”, “Aprender a Fazer” , “Aprender a Conviver” e “Aprender a Ser”.

Uma proposta, portanto, que compreende a amplitude do Ser Humano em seu processo de construir-se humano, preenchendo as necessidades educacionais em qualquer época.

Por outro lado, é inegável perceber a sociedade em profunda crise de valores, onde justiça, equidade, cooperação e solidariedade parecem fora de moda. Neste contexto, a educação, indiferentemente se pública ou privada, reproduz os pseudovalores da sociedade, contribuindo para o agravamento do descalabro social (e pessoal), quando deveria atuar no sentido oposto.

O processo educativo deve enfatizar o aprender a “Pensar” e “Pensar Criativamente”. Parafraseando Lipman, pensar seria fazer associações e pensar criativamente importaria em fazer associações novas e diferentes. (Lipman, 1995).

Pensar seria, portanto, o processo de descobrir relações existentes na realidade e representá-las em nossas consciências e que isso nos permita atinar para os significados ou os sentidos que, de alguma forma, estão dados nessa mesma realidade.

O pensamento criativo reveste-se de características essenciais, como, habilidade, talento, julgamento criativo, inventividade, produção de novas alternativas ou hipóteses plausíveis, etc.

As profundas mudanças em curso, em âmbito planetário, envolvendo aspectos climatológicos, geológicos, sociais, culturais e econômicos -lembrar o aquecimento global, a crise econômica na Europa e EUA, as radicais transformações em curso na Ásia-, estão a solicitar uma nova forma de ver o mundo e, principalmente, de com ele interagir.

Educar para a sociedade de consumo que estertora, seria deseducar para a nova estrutura social que se avizinha.

Os processos, métodos e objetivos do educar urge reinventarem-se na perspectiva da formação do ser humano autoconsciente e autônomo.

O foco deve voltar-se para o desenvolvimento de autonomia e autoria de pensamento, em que o conhecimento seria apresentado de forma criativa e ensejar-se-ia reflexões vivenciais construtoras de um novo saber adaptado as necessidades da tessitura sócio-ecológica que se avizinha.

O grande desafio envolve educar para a transcendência, para a dimensão da espiritualidade, sem perder o pragmatismo que caracteriza a práxis da cultura ocidental.