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sábado, 31 de dezembro de 2011

A GRAVIDEZ DA AMIZADE


Os tempos modernos são tão frugais em sentimentalidade, em laços de real afeto, em fraternidade, em amizade!...
Vivemos 'sem tempo' para essas coisas banais, centrados que nos encontramos no hedonismo que, embora o critiquemos, falando sobre suas diatribes, inconstâncias e fugas, quase sem perceber o acalentamos, senão no nosso ser, na nossa forma de ver e viver a vida e as relações...
Temos pressa... Muita pressa para estarmos a cultivar amizades!...
E elas, como todo sentimento enobrecedor do ser, necessita de cultivo, diuturno... De adubos, de regas, de cuidados, de podas, de palavra amiga na hora certa, de atenção quando o momento requisita, de compreensão irrestrita...
Mas não temos tempo!!!
Amigos são aqueles que nos servem, enquanto servem...
Ao menor descuido ou falta de atenção, na nossa avaliação sedimentada no ego hedonista, e o afastamento acontece...
Racionalizamos, não era a pessoa que eu pensava ser, parecia ser grande coisa, mas na verdade, na primeira oportunidade, apequenou-se...
E nem nos damos conta de que vivenciamos relações extremamente oportunistas, como se víssemos as pessoas tal qual um cheque em branco devidamente assinado à nossa disposição, para a satisfação de todo e qualquer capricho nosso...
Hoje a relação encontra-se profundamente coisificada...
Não nos reunimos para trocar idéias, via de regra nos colocamos em torno da comida, da bebida, da farra, do ruído, da algaravia, menos de pessoas...
Necessitamos despertar para a importância da amizade, do seu cultivo, de convívio fraterno, do porto seguro que ela representa nos momentos desafiadores de nossas existências... Daquelas pessoas que estarão conosco quando todos se foram, quando a aflição abriu portas e janelas de nossa casa interior!...

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A GRANDEZA DO MAR


O mar é grande, majestoso, imponderável, forte, pelo fato de se colocar abaixo de tudo... Assim, todas as águas o procuram e preenchem com suas riquezas...
Sua humildade é que o faz gigante!
A humildade!... Segundo alguns seria o último degrau da ascensão daquele que se candidata à sabedoria!...
Muitos confundem humildade com fraqueza, mas enganam-se totalmente, pois aquele que aprendeu a lição da humildade:
Se forte, apresenta-se em fragilidade para não intimidar os fracos.
Quando grande, se apequena na relação com os pequenos ou se agiganta quando com os pretensos maiorais.
Portador de beleza imarcescível, ameniza-a de todas as formas ante os mais desafortunados.
Detentor da riqueza imensurável, coloca-se de forma tão sutil e despretensiosa, envolto no ouro e joias, que até parecem adornos comuns e que fazem parte de sua personalidade exterior, mas sem contaminar a alma.
Com os elevados pendores da inteligência, dialoga ao nível intelectual de cada um sem acinte.
Enfim, sabe fazer-se menor por se saber maior, mas perceber a si e aos outros iguais!...
A humildade é um aprendizado difícil por exigir a vitória sobre o 'eu' centralizador de atenções!...
Enquanto o uso de palavras como eu, meu, minha forem a tônica em nossas relações com os outros e com a vida, longe estaremos do aprendizado da humildade, por mais que a apregoemos em nós...
Aliás, aquele que se diz, em hipótese alguma é humilde!...
A humildade é filha-irmã do amor, irmã-tia da caridade real, conforme ensinou Jesus e prega a Doutrina Redentora dos Espíritos!!!

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A FLOR DO AMOR


A proposta pedagógica da vida a nos convidar e impulsionar à espiral evolutiva -da primitividade à angelitude- nos exige reflexão e ação transformadora na intimidade do ser, a ser desenvolvida, entretanto, na relação, consigo, com o outro e com o mundo, a vida!...
A primeira dimensão da relação é, portanto, interior, eu comigo mesmo, mas essa mesma relação somente se constrói na percepção do outro...
Na primeira infância, a cada renascer na vida física, iremos nos perceber a partir da percepção do outro, nos construir através das experiências que o outro nos traz, em especial a mãe, biológica ou de fato...
Nascemos na vida física como uma proposta evolutiva, com imensa capacidade de aprender, reaprender, moldar-se, reestruturar-se, construir-se...
Com a maturidade das funções neurológicas no corpo físico, por volta dos 21 anos, o espírito que somos mostra-se na plenitude do estágio evolutivo que conseguiu construir, expressando a luz e a sombra que acalenta em seu ser, com predominância de uma ou de outra, a depender do estágio de autoconsciência que logrou alcançar a esforço próprio...
Importa, portanto, ter sempre em mente que nada construímos em nós sem a alteridade -o outro e a vida- a nos delimitar a própria percepção e construção da individuação, como do aprendizado multifacetado da vida, nas multifárias existências palingenéticas...
Por outro lado, os ensinamentos evangélicos nos asseveram ser o amor o fundamental aprendizado a que devemos nos dedicar na vida, como origem e destinação final da própria vida que ele é...
Não sem razão o Rabi da Galiléia resumiu toda a lei e os profetas num cântico sublime de amor, no poema majestoso das Bem-aventuranças, que, num poder inigualável de síntese, resume tudo de que necessita a criatura humana para caminhar rumo à angelitude, destino, mas construção de cada um a esforço próprio...
Essa relação quaternária, consigo, com o outro, com a vida e com a divindade, constitui, pois, o cadinho que o Divino Pai nos oferece para moldarmos nossas almas no aprendizado do amor maior, suave e potente força a nos conduzir e construir nas veredas da existência...
Jamais estamos sós, pois!...

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A FELICIDADE


Desde os primórdios do pensamento humano que se procura definir o que é felicidade e como alcançá-la...
As mais diversas propostas filosóficas propuseram-se a indicar o caminho, colocando-a, na maioria dos casos na dimensão temporal da vida, no gozar, no ter, no acumular coisas, na conquista do poder...
Entre os filósofos gregos que sobre ela debruçaram seus pensamentos e interesses, apenas Sócrates, em sua visão profundamente espiritualista da vida, colocou-a na dimensão do Ser... Para ele a felicidade se relacionava com uma consciência tranquila através do ético viver, assumindo, assim, maior importância Ser do que ter...
Uma outra proposta filosófica grega, porém, ainda estrutura a sociedade de ontem e de hoje, a hedonista... Ela pode ser percebida na ânsia do gozo efêmero que avassala as pessoas dos dias de hoje, como sempre, aliás...
Na frenética busca de "aproveitar" a vida, através da constante procura de prazeres insaciáveis ou da acumulação de coisas, sempre mais e mais, paradoxalmente deixamo-la passar, sem que o real proveito das experiências nos conduzam ao aprendizado das lições existenciais, que elas encerram e que, uma vez aprendidas,  nos trariam níveis mais elevados de autoconsciência, paz interior e a felicidade possível no mundo conturbado dos dias atuais...
Outra ilusão que nos envolve, quase sempre, é imaginar uma felicidade de contos de fadas, "e foram felizes para sempre...", associada à ausência de dificuldades ou tropeços, problemas/desafios que fazem parte inelutavelmente do viver em nossa dimensão de mundo...
Possamos definitivamente perceber que a felicidade possível é conquistada somente na dimensão da interioridade... Aquela "consciência tranquila" proposta por Sócrates, que nos coloca como verdadeiros protagonistas de nossas vidas, despertados que nos encontramos para a importância da dimensão interior do ser, para as conquistas da alma...
Não envolve, ela, portanto, ausência de dificuldades, mas a percepção de que tudo que a vida nos apresenta, ainda mesmo as dores mais acerbas, objetivam nos desafiar ao caminho da superação... De nós mesmos, na busca do avanço espiritual, e das condições que se nos apresentam, desenvolvendo-nos tanto na esfera da intelectualidade como da emoção...
A felicidade começa pela opção de ser feliz!!!

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A DIFERENÇA PEDE LICENÇA


Interessante essa característica sociológica, que ainda acalentamos em nosso convívio, de tudo rotularmos...
No que se relaciona às pessoas, ela assume ares de profunda injustiça, em virtude  de o ser humano se constituir num eterno devir...
Somos efetivamente mutantes, não apenas no nosso corpo, que se transforma, cria-se e recria-se ao longo da existência física; também na alma, vez  que as experiências e aprendizados da vida nos transformam...
A cultura característica de cada contexto social impõe o rótulo do 'normal' e do 'anormal' ou 'diferente', quando os condicionantes da civilização nos exige mais humanidade no trato...
Entretanto, em virtude de sermos efetivamente únicos em cada individualidade, somos verdadeiramente, todos, diferentes...
Na dimensão real da vida, pois, tudo é normal, todos são 'normais', vivenciando as experiências determinadas pelas necessidades evolutivas que cada um de per si constrói a cada instante...
Por outro lado, ante as leis naturais da vida, compete  àquele que mais detém, seja no campo das posses materiais, ou das possibilidades do aprendizado redentor da alma, mais servir...
As diferenças, portanto, em especial aquelas limitantes do interagir com a vida e com os outros, ao invés de rótulos, requisitam compreensão fraterna e acolhimento humano...
Se é verdade que apenas em origem e destino somos iguais, como aceitamos, como as leis maiores da vida nos ensinam, as possibilidades, as opções, as dificuldades, as características, mesmo as agruras ou estesias do caminho trilhado por cada um, segundo seu arbítrio e as condicionantes das leis naturais, merece respeito, compreensão, acolhimento fraterno e o apoio amoroso que cada um de nós tenha conseguido se tornar capaz de dar...
Importa, ainda, não olhar essas situações com sentimento menor de pena ou de limitações, senão com o incentivo à superação de todo e qualquer limite e a descoberta, paciente e serena e persistente, das possibilidades redentoras e evolutivas de que toda experiência de vida se reveste, à mercê da bondade divina...
Inexistem coitados ou desprivilegiados da sorte, quando observamos as coisas na dimensão da realidade última da vida, a dimensão da espiritualidade...
Quando a incomparável Maria de Magdala se regozija ante a lepra que se lhe apresenta, dissolvendo no corpo transitório os miasmas que lhe corriam da alma, temos dificuldade de entendê-la, apenas pelo fato de ainda olharmos a vida com os olhos da materialidade, esquecidos que ainda nos achamos de nossa realidade espiritual...
O Mestre Galileu nos exortou à compreensão de que, como filhos de Deus que somos, necessitamos despertar para essa realidade e nos tornarmos o sal da terra e a luz do mundo!...
Possamos estar resolutamente nos dedicando a esse despertar que transformará nossa realidade mais íntima e contribuirá para a construção de um mundo melhor!!!