Os tempos modernos são tão frugais em sentimentalidade, em laços de real afeto, em fraternidade, em amizade!...
Vivemos 'sem tempo' para essas coisas banais, centrados que nos encontramos no hedonismo que, embora o critiquemos, falando sobre suas diatribes, inconstâncias e fugas, quase sem perceber o acalentamos, senão no nosso ser, na nossa forma de ver e viver a vida e as relações...
Temos pressa... Muita pressa para estarmos a cultivar amizades!...
E elas, como todo sentimento enobrecedor do ser, necessita de cultivo, diuturno... De adubos, de regas, de cuidados, de podas, de palavra amiga na hora certa, de atenção quando o momento requisita, de compreensão irrestrita...
Mas não temos tempo!!!
Amigos são aqueles que nos servem, enquanto servem...
Ao menor descuido ou falta de atenção, na nossa avaliação sedimentada no ego hedonista, e o afastamento acontece...
Racionalizamos, não era a pessoa que eu pensava ser, parecia ser grande coisa, mas na verdade, na primeira oportunidade, apequenou-se...
E nem nos damos conta de que vivenciamos relações extremamente oportunistas, como se víssemos as pessoas tal qual um cheque em branco devidamente assinado à nossa disposição, para a satisfação de todo e qualquer capricho nosso...
Hoje a relação encontra-se profundamente coisificada...
Não nos reunimos para trocar idéias, via de regra nos colocamos em torno da comida, da bebida, da farra, do ruído, da algaravia, menos de pessoas...
Necessitamos despertar para a importância da amizade, do seu cultivo, de convívio fraterno, do porto seguro que ela representa nos momentos desafiadores de nossas existências... Daquelas pessoas que estarão conosco quando todos se foram, quando a aflição abriu portas e janelas de nossa casa interior!...