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sábado, 27 de agosto de 2011

RECURSOS PARA A LIBERAÇÃO DOS SOFRIMENTOS




       A coragem é fator decisivo para o bem do indivíduo na sua historiografia psicológica. Para hauri-la, basta o interes­se consciente e duradouro em favor da aquisição da felicida­de, que se deve tornar a meta essencial da sua existência. Inexistente esta necessidade tampouco há sofrimento, por­que, a ausência das aspirações nobres resulta da morte dos ideais, provocada pela indiferença da vida, em uma psicopa­tologia grave.

O sofrimento, em si mesmo, é fonte motivadora para as lutas de crescimento emocional e amadurecimento da perso­nalidade, que passa a compreender a existência de maneira menos sonhadora e mais condizente com a sua realidade. Os jogos e ilusões da idade infantil, superados, dão ensejo a uma integração consciente do indivíduo no grupo social no qual se encontra, fomentando o esforço pelo bem dos demais, por saber-se membro valioso e entender, por experiência pesso­al, os gravames que a dor proporciona.

Inobstante esta ex­periência lúcida, sabe que o esforço a envidar para liberar-se dos sofrimentos é, por sua vez, conquista da inteligência e do sentimento postos a serviço da sua realização pessoal e co­munitária.

Na maior parte dos métodos, a vontade do paciente pre­valece como fator de alta importância.

Excetuando-se os re­feridos sofrimentos por sofrimentos, e mesmo em grande parte deles, a reflexão bem direcionada gera uma psicosfera de paz, renovadora, que o envolve e alimenta, levando à liberação deles.

Relacionemos algumas fases da terapia liberativa:
a) Considerar todos os indivíduos como dignos de ser amados e tomar por modelo alguém que o ama e se lhe dedica, por isto mesmo, credor de receber todo o afeto.

Este sentimento, sem apego nem interesse gerador de emoções perturbadoras, desarma o indivíduo de suspeitas, de ansiedades e medos, ao mesmo tempo dirimindo as incom­preensões de outrem e desarticulando quaisquer planos infe­lizes.

Uma visão favorável sobre alguém dilui as nuvens den­sas que lhe obscurecem a personalidade, facultando um rela­cionamento positivo.

A não-reação à agressividade do outro desmantela-lhe a couraça de prepotência, na qual se oculta. Se a resposta é otimista e sem azedume, conquista-o para um intercâmbio útil, ampliando-lhe o círculo de expressões afe­tivas. Logo, este sentimento contribui para anular os efeitos do sofrimento moral e dissipar algumas, senão todas as suas causas perturbadoras.

O ato de ver bem as demais pessoas, torna-se um hábito terapêutico preventivo, em relação às agressões do meio am­biente, dos companheiros, constituindo um encorajamento para a luta libertadora.

O cultivo, a expansão de idéias e conceitos edificantes apagam o incêndio ateado pelo pessimismo da maledicência, da inveja, da calúnia, tornando respirável a atmosfera social do grupo onde o homem se localiza.

b) Identificar e estimular os traços de bondade do caráter alheio.

Não há solo, por mais sáfaro, que, tratado, não permita o vicejar de plantas. Em todo sentimento existem terras férteis para a bondade, mesmo quando cobertas por caliça e pedregulhos. Um trabalho, breve que seja, afastando o impedimen­to, e logo esplendem os recursos próprios para a sementeira da esperança.

Os indivíduos que se notabilizavam pela maldade na vida privada e no seu círculo social, revelavam-se bondosos e gentis tornando-se amados pela família e pelo grupo, mesmo co­nhecendo-lhes as atrocidades em que eram exímios.

A maldade sistemática, a impiedade, o temperamento hostil revelam as personalidades psicopatas que, antes, ne­cessitam de ajuda, ao invés de reproche. A bondade, neles latente, aguarda o momento de manifestar-se e predominar, mudando-lhes o comportamento.

Com tal atitude, a de identificar a bondade, torna-se pos­sível a superação do sofrimento, como quer que se apresente, especialmente o que tem procedência moral.

c) Aplicar a compaixão quando agredido.

Uma reação de pesar, ante o ato infeliz, produz um efeito positivo no agressor. Proporciona o equilíbrio à vítima, que não desce à faixa vibratória violenta em que o outro se demo­ra. Impede a sintonia com a cólera e seus famanazes, impos­sibilitando a instalação de enfermidades nervosas e distúrbi­os gastrointestinais e outros, face à não absorção de energias deletérias.

A compaixão dinâmica, aquela que vai além da piedade buscando ajudar o infrator, expressa bondade e se enriquece de paixão participativa, que levanta o caído, embora seja ele o perturbador.

Essa conduta impede que se instale o sofrimento na cria­tura.

d) O amor deve ser uma constante na existência do homem.

Há em tudo e em todos os seres a presença do Amor. Em um lugar revela-se como ordem, noutro beleza e, sucessivamente, harmonia, renovação, progresso, vida, convocando à reflexão.

O amor é o antídoto mais eficaz contra quaisquer males. Age nas causas e altera as manifestações, mudando a estrutu­ra dos conteúdos negativos quando estes se exteriorizam.

Revela-se no instinto e predomina durante o período da razão, responsabilizando-se pela plenificação da criatura.

O amor instaura a paz e irradia a confiança, promove a não-violência e estabelece a fraternidade que une e solidariza os homens, uns com os outros, anulando as distância e as suspeitas. É o mais poderoso vínculo com a Causa Geradora da Vida. É o motor que conduz à ação bondosa, desdobrando o sentimento de generosidade, ao mesmo tempo estimulando à paciência.

Graças à sua ação, a pessoa doa, realizando o gesto de generosa oferta de coisas, até o momento em que é levado à autodoação, ao sacrifício com naturalidade.

O amor é o rio onde se afogam os sofrimentos, pela impossibilidade de sobrenadarem nas fortes correntezas dos seus impulsos benéficos. Sem ele a vida perderia o sentido, a sig­nificação. Puro, expressa, ao lado da sabedoria, a mais rele­vante conquista humana.

O HOMEM INTEGRAL - DIVALDO PEREIRA FRANCO - DITADO PELO ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

OS SOFRIMENTOS HUMANOS




       Buda considerou a vida como uma forma de sofrimento e que a sua finalidade era, exclusivamente, encontrar a manei­ra de libertar-se dele. Para o budismo, a vida é constituída de misérias que geram o sofrimento; por sua vez, o sofrimento é causado pelos desejos insatisfeitos ou pelas emoções pertur­badoras e (o sofrimento) deixará de existir se forem elimina­dos os desejos, sendo necessário, para tanto, uma conduta moderada, e a entrega à meditação em torno das aspirações elevadas do ser.

A fim de transmitir adequadamente suas lições, o prínci­pe Gautama utilizou-se de parábolas, conforme fez Jesus mais tarde.

O fundamento essencial dos seus ensinos se encontra na Lei do carma, graças à qual o homem é o construtor de sua desdita ou felicidade, mediante o comportamento adotado no período da sua existência corporal. Em uma etapa, a aprendi­zagem equipa-o para a próxima, sendo que a soma das expe­riências e ações positivas anula aquelas que lhe constituem débito propiciador de sofrimento.

O sofrimento se apresenta, na criatura humana, como uma enfermidade, que necessita de tratamento conveniente, em que se invistam todos os valores ao alcance, pela primazia de lograr-se o bem-estar e o equilíbrio fisiopsíquico.

Deste modo, o sofrimento pode decorrer do desgosto or­gânico ou mental que é um processo degenerativo do instru­mento material do homem. As doenças campeiam, e a recep­tividade daqueles que se encontram incursos nos códigos da Justiça Divina sofrem-nas, mediante as coarctações danosas dos mecanismos genéticos, ou por contaminação posterior, escassez alimentar, traumatismos físicos e psicológicos, num emaranhado de causas próximas, decorrentes dos compro­missos negativos do passado mais remoto.

Noutro caso, o sofrimento resulta da transitoriedade da própria vida física e da fragilidade de todos os bens que pro­porcionam prazer por um momento, convertendo-se em ra­zão de preocupação, de arrependimento, de amargura.

A busca do prazer é inata, instintiva, e o homem se lhe aferra na condição de meta prioritária.

Não raro, ao conse­gui-lo, frui da satisfação momentânea e, por insatisfação psi­cológica, propõe-se a prolongá-lo indefinidamente, sofrendo ante a impossibilidade de o manter, pelas alterações naturais que se derivam da impermanência de tudo, pela saturação e, finalmente, pela perda de objetivo após conseguido o anelo.

Por fim, surge o sofrimento dos condicionamentos de or­dem física e mental.

Os hábitos arraigados constituem uma segunda natureza, com prevalência na conduta psicológica do homem. As alte­rações e transformações produzem sofrimento, pela necessi­dade de ajustamento, pelo esforço da adaptação, e os altibai­xos da emoção que tende a reagir às mudanças que se devem operar na conduta.

Encontrado o sofrimento, o homem tem o dever de iden­tificar as suas causas, que procedem dos atos degenerativos próximos ou remotos, referentes às suas reencarnações. Ao lado daqueles que ressumam das dívidas cármicas, estão os decorrentes das suas emoções desequilibradas, que têm nas­centes no egoísmo, no apego, na imaturidade psicológica.

Dentre outros, apresentam-se em plano de destaque, o medo, o ciúme, a ira, que explodem facilmente engendrando sofri­mento.

Chega o momento de buscar-se a cessação deles, qual ocorre com as enfermidades que devem ser tratadas com ca­rinho, porém com disciplina. De um lado, é imprescindível ir-se às causas, a fim de fazê-las parar, ao mesmo tempo evi­tar novos fatores desencadeantes. Conhecidas as origens, mais fáceis se tornam as terapias que, aplicadas convenientemen­te, resultam favoráveis ao clima de saúde e de bem-estar.

O esforço empreendido para o término do sofrimento, apresenta-se em etapas que se vão incorporando ao dia-a-dia do indivíduo cioso da sua necessidade de paz.

Impõe-se-lhe o trabalho de condicionar a mente à neces­sidade da harmonia, recorrendo à meditação em torno das finalidades altruísticas da vida, disciplinando a vontade, exer­citando a tranquilidade diante dos acontecimentos que não podem ser evitados, das ocorrências denominadas tragédias, das quais pode retirar excelentes resultados para o comporta­mento e a auto-realização.

O processo da cessação do sofri­mento dá-se, ainda, através do sofrimento que propicia satis­fação pela certeza que advém de se estar liberando da sua áspera constrição.

Enfrentar, portanto, o sofrimento, sem válvulas psicoló­gicas escapistas, é uma atitude saudável, muito distante da distonia masoquista habitual. Também resulta de uma dispo­sição consciente para o homem enfrentar-se desnudado, com uma visão otimista em torno do futuro por conquistar.

Realmente, o sofrimento faz parte do mecanismo da evo­lução na Terra.

Nos reinos vegetal e animal ele se encontra na embrionária percepção das plantas, que sofrem as agressões e hostilidades do meio, as contaminações e processos dege­nerativos.

Entre os animais, desde os menos expressivos até os mais avançados biologicamente, o sofrimento se manifes­ta na sensibilidade nervosa, como forma de produzir novos e mais perfeitos biótipos, em constante adaptação e harmonia das formas do psiquismo neles latente.

A superação do sofrimento é, sem dúvida, o grave desa­fio da existência humana, que a todos cumpre conseguir.

O HOMEM INTEGRAL - DIVALDO PEREIRA FRANCO - DITADO PELO ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

NASCIMENTO DA CONSCIÊNCIA




Antropológica e historicamente, a sobrevivência equili­brada do homem e da sociedade tem estado sempre vincula­da à idéia de um mito central, no qual se haurem os valores éticos de sustentação das suas atividades e do seu equilíbrio.

Toda vez em que fatores adversos interferem nos mitos humanos, desacreditando aquele que sintetiza as suas aspira­ções, os homens se encaminham para o caos e se agridem e se perturbam, parecendo haver perdido o rumo.

Passada a tempestade, os seus remanescentes, não des­truídos in totum, emergem, dando surgimento a uma nova ideação, e um mito criativo aparece preenchendo a lacuna deixada pelo anterior.

No estado atual da sociedade existe a carência de um mito predominante, que aglutine todas as mentes, sobre elas derramando as suas benesses e confortando-as.

A perda do mito expõe os conteúdos psíquicos, que alte­ram os objetivos das suas necessidades, fazendo-os mergu­lhar no vazio ou no desinteresse, no prazer ou na alucinação do poder.

Em se considerando que nenhum desses objetivos pleni­fica o indivíduo, ele passa a disputar a necessidade abrangen­te do despertar da consciência, interpretando os mitos meno­res nele jacentes.

Jung, em uma análise profunda, estabeleceu que “a exis­tência só é real quando é consciente para alguém”, afirmando a necessidade que o Criador possui em relação ao homem consciente.

Oportunamente, voltou a esclarecer que “a tarefa do homem é (...) conscientizar-se dos conteúdos que pressio­nam para cima, vindos do inconsciente”. Esse despertar e cres­cimento da consciência, ainda segundo o eminente psicana­lista, termina por afetar-lhe também o inconsciente.

É obvio que, se os conteúdos psíquicos emergentes for­mam a consciência, as contribuições atuais desta se irão in­corporar ao inconsciente que surgirá mais tarde.

Deste modo, o nascimento da consciência se opera medi­ante a conjunção dos contrários, como decorrência de uma variada gama de conteúdos psíquicos, que formam as impres­sões arquetípicas ao fazerem contato com o ego, dando sur­gimento à sua substância psíquica e tornando todo esse tra­balho um processo de individuação.

Daí surgem os discernimentos entre as coisas opostas, o eu e o não-eu, o ego e o inconsciente, o sujeito e o objeto, a própria pessoa e a outra. Dando campo aos conflitos, este sentimento que enfrenta e contesta torna-se uma forma alta­mente criativa de luta, cuja vitória proporciona satisfação, ampliação e aprimoramento da vida.

Sem essa dualidade dos opostos, que leva à reflexão, no processo de individuação, não há aumento real de consciên­cia, que somente se opera entrando em contato com os opos­tos e os absorvendo.

A consciência, do ponto de vista filosófico, é “um atribu­to altamente desenvolvido na espécie humana e que se carac­teriza por uma oposição básica, essencial. É o atributo pelo qual o homem toma em relação ao mundo -bem como aos denominados estados interiores e subjetivos- a distância em que se cria a possibilidade de níveis mais altos de integra­ção...

Por sua vez, declara, ainda, Jung. a consciência é “a rela­ção dos conteúdos psíquicos com o ego, na medida em que essa relação é percebida como tal, pelo ego”. E conclui que “as relações com o ego que não são percebidas como tal são inconscientes”. Estabelece, ademais, a diferença entre cons­ciência e psique, que esta última “representa a totalidade dos conteúdos psíquicos” e como esses conteúdos, na sua totali­dade, não estão vinculados no ego, tais não são consciência.

Nos mitos centrais de todos os povos, os opostos forma­ram a essência das suas crenças, dos seus conteúdos psíqui­cos geradores da consciência.

Encontramo-los nas religiões da antiguidade oriental e, particularmente, no mito da Criação, no qual, os conflitos da treva e da luz, do bem e do mal são relevantes.

O Zoroastris­mo também o ressuscitou e, mais tarde, a alquimia facultou o surgimento da Pedra Filosofal como mediadora dos opostos, do Santo Gral, como depósito que compõe as bases da cons­ciência humana, a se avolumar através dos tempos, dando, desde o início, a idéia das suas várias expressões, tais: a consciência moral, a consciência de fé, a consciência do dever, de justiça, de paz, de amor...

Os equipamentos constitutivos da consciência sutilizam­-se, e adquirem mais amplas percepções que facultam o de­senvolvimento emocional e ético do homem, auxiliando-o na liberação de conflitos.

As heranças atávicas, que se convertem em arquétipos, no inconsciente individual e coletivo dizem respeito às reali­dades do Espírito, em si mesmo responsável pelos resíduos psíquicos, que se transformam nos conteúdos preponderan­tes para a formação da consciência.

O homem deve adquirir o conhecimento para elevar-se do ser bruto, tornando-se o sujeito detentor da consciência. Não lhe bastará conhecer, mas também, viver a experiência de ser o objeto conhecido. Não somente conhecer de fora para dentro, porém, vivenciar o que é conhecido, incorporando-o à sua realidade.

Enquanto o ego conhece, o outro passa a ser um objeto detido, conhecido, o que não plenifica. Esta satis­fação advém quando o ego, passando pela vivência do que conhece, torna-se, por sua vez, conhecido pelo outro, que tam­bém tem a função de sujeito conhecedor. O ego adquire, des­se modo, a consciência autêntica, no momento em que é su­jeito que conhece o objeto conhecido.

Indispensável, nesse jogo do conhecer sendo conhecido, que se não crie uma dependência em relação à pessoa que conhece. A vida saudável é a que decorre da liberdade cons­ciente, capaz de enfrentar os obstáculos e dificuldades que se apresentam no relacionamento humano e na própria indivi­dualidade. Esta é a meta que a consciência almeja.

O HOMEM INTEGRAL - DIVALDO PEREIRA FRANCO - DITADO PELO ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS