Este é um espaço para o aprendizado para a vida em sua dimensão maior, dentro da visão do ser humano em sua totalidade e do desenvolvimento do ser. Descobertas, aprendizados, insights, feelings, ideias, serão socializadas nessa busca de ser melhor, de construir Vida Interior, de despertar para a transcendência e a espiritualidade, como caracterísiticas do ser humano e proposta de fulcro da vida...
sábado, 16 de julho de 2011
FELICIDADE EM SI MESMA
Considerando a felicidade como sendo a harmonia entre o ego e o self, o descobrimento dos valores profundos do ser e a consciência da sua legitimidade que induz a conquistá-los, eleger os métodos da plenificação interior torna-se o próximo passo nessa busca desafiadora.
Quem coloque a felicidade como sendo a conquista de títulos e triunfos mundanos, destaque social e poder, desfrutar de privilégios e dinheiro, não saiu da periferia imediatista dos prazeres sensuais, que respondem pela competitividade e pelo desequilíbrio da emoção.
Jesus definiu com segurança o conceito pleno de felicidade, no conteúdo do pensamento meu reino não é deste mundo, tendo em vista a impermanência da vida física, a transitoriedade do ser existencial, terrestre, em constante transformação, no seu contínuo vir-a-ser.
A criatura não é o que se apresenta, nem como se encontra. Esse estado impermanente é trânsito para o que se será. Em prazer ou em sofrimento, não se é isso, mas se está isso, conscientizando-se do continuum no qual se encontra mergulhado.
O empenho para a busca da felicidade conduz à eleição de objetivos fora do mundo físico.
Todavia, não é necessário alienar-se do mundo, odiá-lo, para conseguir por meio de transferências e fugas psicológicas.
A meta além do mundo se estabelece como prioritária, porque, na vida terrestre, o que se constitui essencial numa faixa etária, noutra se transforma em pesada carga, responsável por arrependimentos e angústias insuportáveis.
De acordo com as mudanças e realizações culturais, alteram-se os objetivos da busca, superando-se uns anseios e surgindo outros.
A meta além do mundo se estabelece como prioritária, porque, na vida terrestre, o que se constitui essencial numa faixa etária, noutra se transforma em pesada carga, responsável por arrependimentos e angústias insuportáveis.
De acordo com as mudanças e realizações culturais, alteram-se os objetivos da busca, superando-se uns anseios e surgindo outros.
Por isso, os valores sensuais tendem a produzir vazio, e as conquistas existencialistas perdem os seus conteúdos, logo são alcançadas, transformando-se em tédio.
Parte da Unidade Universal e individual nela, o ser humano pode desfrutar dos fenômenos existenciais, sem abandono da meta transpessoal, como degraus vencidos na ascensão que levará ao patamar da felicidade.
Quando se adquire a consciência da unidade e da valorização de si mesmo, sem a presunção narcisista do excesso de auto-importância, avança-se na busca, desenvolve-se interiormente, acende-se a luz da determinação de fazer-se feliz em quaisquer circunstâncias, em todos os momentos, prazenteiros ou não.
Embora a felicidade não dependa do prazer, o prazer bem estruturado é-lhe caminho. A sua ausência, no entanto, em nada a afeta, por estar acima das sensações e emoções imediatas.
Quando se adquire a consciência da unidade e da valorização de si mesmo, sem a presunção narcisista do excesso de auto-importância, avança-se na busca, desenvolve-se interiormente, acende-se a luz da determinação de fazer-se feliz em quaisquer circunstâncias, em todos os momentos, prazenteiros ou não.
Embora a felicidade não dependa do prazer, o prazer bem estruturado é-lhe caminho. A sua ausência, no entanto, em nada a afeta, por estar acima das sensações e emoções imediatas.
DIVALDO P. FRANCO - O SER CONSCIENTE - Pelo Espírito Joanna de Ângelis
sexta-feira, 15 de julho de 2011
PRAZER E GOZO
O sentido, o significado da vida centra-se na busca e no encontro da felicidade. Constitui o mais freqüente desafio existencial responsável pelas contínuas realizações humanas. A felicidade, por isso, torna-se difícil de ser lograda e, não raro, muito complexa, diferindo de conteúdo entre as pessoas em si mesmas e os grupos sociais. Confundida com o prazer, descaracteriza-se, fazendo-se frustrante e atormentadora.
A visão da felicidade é sempre distorcida, levando o indivíduo a considerar que, quando não se encontra feliz, algo não está bem, o que é uma conclusão incorreta.
O sonho humano da felicidade é róseo, assinalado pelo conforto, o ócio e o poder, graças aos quais se desfrutaria de bem-estar e gozo, inadvertidamente considerados o seu logro.
Certamente as pessoas ricas dispõem, em quantidade, de horas assim vividas, sem que se hajam considerado felizes, mas antes se encontrado tediosas, e o tédio é, sem dúvida, um dos seus grandes opostos, em cujo bojo fermentam muitas desgraças.
A felicidade se expressa mediante vários requisitos, entre outros, os de natureza cultural, atavismo que lega ao indivíduo o meio social de onde se origina e no qual se encontra, de nível de consciência e de maturidade psicológica.
Esses fatores estabelecem as diferenças de qualidade do que é ser feliz, face às variações que impõem nos grupos e nos seres humanos, demonstrando que as aspirações de uns nem sempre correspondem às de outros.
O nível de consciência e o amadurecimento psicológico estabelecem os graus nos quais se expressa, as realizações plenificadoras, os estados de felicidade.
Perseguindo-se o gozo, o prazer, experimenta-se alegria toda vez que são alcançados, assinalando-se esses momentos como de felicidade que, no entanto, não correspondem ao sentido profundo, de magnitude que ela reveste.
A interpretação equivocada conduz a buscas irreais, que perdem o significado quando se alteram os fatores que a constituem. A sua visão, em determinada época da existência, muda completamente em outro período.
A imaturidade psicológica de uma fase, a juvenil, por exemplo, predispõe a uma aspiração de felicidade que, conseguida, logo desaparece, e observada mais tarde apresenta-se desagradável, perturbadora. Por essa razão, é necessário que se entenda que a felicidade tem a ver com o que o indivíduo é e com o que ele pensa ser. A diferença, entre o que supõe ser e a sua realidade, dimensiona o seu quadro de desejos, de prazeres e gozos que interpreta como a busca plenificadora da felicidade.
Assim, a felicidade tem a ver com a identificação do indivíduo com os seus sentidos e sensações, os seus sentimentos e emoções, ou as suas mais elevadas aspirações idealistas, culturais, artísticas, religiosas, com a verdade.
Na fase dos sentidos, o gozo se transforma depois de fruido em insatisfação, ansiedade ou depressão; no período dos sentimentos, o prazer derrapa em paixões possessivas, que dão margem a tragédias e angústias logo estejam saciados; no ciclo idealista, religioso, transcendental, a busca transpessoal fomenta a autodescoberta, a auto-realização, a auto-doação, em serviços desinteressados de libertação do ego e participação na vida, individual como coletiva, dos seres, da vida, da Terra.
Essa busca é diferente da ambição de ser virtuoso, na qual mascara o ego e apresenta-o, entregando-se a macerações que ocultam gozos patológicos ou a narcisismos, em mecanismos de evasão da realidade para planos egóicos, masoquistas-exibicionistas, com aparência de humildade e renúncia. Quando reais, essas expressões de virtude são ignoradas pelo próprio candidato em quem são naturais, sem os condimentos do prazer embutidos na fuga psicológica que as falseiam.
Para que a identificação do indivíduo com a sua busca de serviço seja legítima, há uma perfeita união com o self, de tal forma que não haverá diferença entre dar e receber, amar e ser amado, viver e morrer... Apressadamente, há quem afirme que a felicidade tem a ver com o princípio freudiano do prazer, e que através desse comportamento se poderiam satisfazer as necessidades e evitar a dor. Não obstante, a dor não pode ser evitada. Considerá-la como um fenômeno natural do processo de evolução, encarando-a como instrumento de promoção do ser em relação à vida, eis uma forma eficaz de lograr a alegria, superando os seus mecanismos desgastantes e as ocorrências degenerativas, que não compreendidos e aceitos com equilíbrio conduzem à infelicidade.
Da mesma maneira, a felicidade não se radica na satisfação de qualquer desejo do ego, porqüanto, após satisfazê-lo, manifesta-se com veemência, gerando ansiedade e desconforto.
Surge então a compreensão transpessoal da existência, e o desejo egóico cede lugar à aspiração espiritual, a uma busca mais profunda, desidentificada com os condicionamentos passados com pessoas e coisas. Provavelmente, nessa busca surgirão o sofrimento, o desconforto, que irão cedendo lugar à harmonia e ao bem-estar, a medida que se alcancem as bases objetivadas da realização plenificadora. Lentamente desaparece a frustração da vida cotidiana, alargando-se o campo do idealismo e da identificação com a deidade, mediante afirmação religiosa ou, com o eu profundo, em manifestação psicológica. A princípio, o caminho da busca se afigura escuro qual um túnel, cuja claridade está distante, mas que se torna maior quanto mais se lhe acerca da saída. Essa busca, qual ocorre com qualquer outra, é realizada com a mente, que deve solucionar as dificuldades, à proporção que se apresentem, eliminando o sofrimento perturbador, tratando-se de um contínuo e lúcido trabalho interno.
Na busca da felicidade são inevitáveis os estágios de sofrimento e de prazer, por constituírem fenômenos da experiência humana, da realização do self desidentificando-se do ego. O lamentável, nessa ocorrência, tem lugar com o surgimento e instalação do tormentoso sentimento de culpa, que nega inconscientemente ao indivíduo o direito de fruir a felicidade, ou mesmo o prazer, sem o estigma do sofrimento. Para fugir-lhe à imposição, busca-se o oceano do gozo, afogando ali os ideais mais altos na denominada opção realista, que entretanto consome os sentimentos e perturba as emoções, saturando-os ou desbordando-os, rebaixando-os ao nível das sensações.
Há um mecanismo castrador impeditivo da experiência do prazer, que podemos considerar como sendo inibição. Além dele, a consciência de culpa conspira contra a realização da felicidade.
Tão arraigada se encontra no ser humano, que toda vez que as circunstâncias propiciam a presença do prazer — a pessoa crê não merecer desfrutá-lo — ou da felicidade — o indivíduo receia vivê-la, não se permitindo experienciá-la — surge o temor de que algo mau sucederá.
Para desarticular es se mecanismo conflitador, torna-se necessária uma tomada de consciência de si mesmo, procurando descobrir a fonte geradora da inibição, para a psicoterapia libertadora conveniente, que pode ter origem na conduta infantil — educação coercitiva, meio social asfixiante, família dominadora — ou proceder de reencarnações passadas — uso incorreto do livre-arbítrio, conduta irregular, exagero de paixões. Tal inibição, associada ao sentimento de culpa, castiga o ser, impedindo-o de fruir momentos de recreação, de ócio, levando-o a tormentos quando não se encontra produzindo algo concreto, o que se lhe torna uma necessidade compulsiva, portanto patológica.
Certamente não se deve viver para a ociosidade dourada, tampouco, exclusivamente, para a atividade estressante. Há todo um rico arsenal desportivo, um infinito painel de belezas naturais convidativas, um sem-número de estesias mediante a leitura, a arte, a conversação, um abençoado campo de idealismo através da prece, da meditação, do controle da mente, que se constituem tônicos revigorantes para as ações geradoras da felicidade e dos quais todos podem e devem dispor quanto aprouver. Esses interregnos nas atividades, enriquecidos de prazeres mais amplos, são estímulos para a criatividade, a libertação de cargas psicológicas compressivas, a auto-realização.
Essa busca, do self profundo, deve superar e mesmo arrebentar as resistências inibidoras, o sentimento de culpa, cujas energias serão canalizadas para a conquista da felicidade.
DIVALDO P. FRANCO - O SER CONSCIENTE - Pelo Espírito Joanna de Ângelis
quinta-feira, 14 de julho de 2011
O ESSENCIAL
Face ao inevitável processo de crescimento do Eu profundo, a vida assume características variadas, e as oportunidades se deparam convidativas, acenando com a libertação, que somente se consegue a penosos esforços.
Na fase inicial da predominância egocêntrica, o ser projeta-se no mundo com o qual se identifica, aprisionando-se no emaranhado das coisas exteriores, sob conflitos que não tem condições de administrar, quase sempre desequilibrando-se e passando a estados neuróticos de insatisfação, ansiedade, medo ou a alucinações variadas.
O apego, essa fixação perturbadora à ímpermanência, a que pretende dar perenidade, constitui-lhe a meta existencial.
Mais tarde, em tentativas de desvencilhamento da situação psicológica infantil, avança para a posição egoísta, cultivando os valores pessoais, narcisistas, com os quais se engolfa, despertando na amargura, sob os camartelos do tempo degenerador e da frustração tormentosa.
O essencial, quase sempre, permanece-lhe em plano secundário na paisagem psicológica das aspirações conflitivas.
À medida que amadurece, transfere-se das coisas e prisões egóicas para a conquista da sua realidade: o desenvolvimento do Eu profundo que deve predominar comandando os anelos e programas de libertação.
Somente a consciência de si propiciar-lhe-á a visão diferenciadora dos fenômenos perturbadores, em relação àqueloutros de plenificação.
Em tentativas brilhantes e sucessivas de penetrar os níveis, os patamares da consciência, psicólogos e estudiosos outros, das áreas das ciências psíquicas, levantam-lhe a cartografia que, variando de escola e estágio, segue os mesmos processos de desenvolvimento que são compatíveis com o crescimento do ser, conforme as suas experiências vivenciais na busca da saúde real.
Desejando ampliar o campo da análise dos seus pacientes, enquanto Freud fundamentava a Psicanálise e a difundia, Roberto Assagioli, na Itália, porque defrontava com dificuldades para aplicar, em alguns deles, as recomendações da doutrina que absorvera do mestre vienense, começou a trabalhar na organização da Psicossíntese, na qual encontrou mais amplos recursos terapêuticos para liberá-los, assim alargando os campos do entendimento das personalidades conflitivas.
Posteriormente, o bioquímico Robert De Ropp, estudando carinhosamente as reações cerebrais, entre outras experiências, e buscando produzir estados alterados de consciência, formulou as bases e os paradigmas da sua Psicologia Criativa, inspirando-se nas experiências de George Ivanovitch Gurdjieff, com os seus complexos contributos psicológicos e cosmológicos místicos.
Buscando interpretar o mestre russo, De Ropp classificou os níveis de consciência em cinco estágios: consciência de sono sem sonhos; de sono com sonho; de sono acordado; de transcendência do eu e de consciência cósmica...
Para ele, o homem evolve de maneira inesperada, às vezes, de um para outro nível, especialmente nos dois primeiros estágios de adormecimento...
Mediante psicoterapia acurada e exercícios cuidadosos, logra-se o avanço pelos diversos patamares, até a etapa final, que se torna de difícil verbalização face às emoções e descobrimentos conseguidos, nesse momento de perfeita integração com o que poderíamos chamar o Logos, o pensamento divino.
No primeiro nível -quando se transita no sono sem sonhos- apenas os fenômenos orgânicos automáticos se exteriorizam, assim mesmo sem o conhecimento da consciência, tais: respiração, digestão, reprodução, circulação sanguínea...
Como se estivesse anestesiada, ela não tem ação lúcida sobre os acontecimentos em torno da própria existência, e a ausência de vontade do indivíduo contribui para o seu trânsito lento do instinto aos pródromos da razão.
No segundo nível, o sono com sonhos, ele libera clichês e lentamente incorpora-os à realidade, passando pelas fases dramáticas -os pesadelos, os pavores- para os da libído -ação dos estímulos sexuais -e os reveladores- que dizem respeito à parcial libertação do Espírito quando o corpo está em repouso...
O desenvolvimento da consciência atinge o terceiro nível, o de sono acordado, no qual a determinação pessoal, aliada à vontade, conduz o ser aos ideais de enobrecimento, à descoberta da finalidade da sua existência, às aspirações do que lhe é essencial, ao auto-encontro, à realização total.
Naturalmente, a partir daí, ascende ao quarto estado, que é a descoberta da transcendência do eu, a identificação consigo mesmo, com a conseqüente liberação do Eu profundo, realizando a harmonia íntima com os ideais superiores, seu real objetivo psicológico existencial.
A superação dos conflitos, das angústias, a desidentificação dos conteúdos psicológicos afugentes, permitem a iluminação, e a próxima é a meta da vinculação com a consciência cósmica.
Nem sempre, porém, o homem e a mulher conseguem alcançar esse nível ideal, fenômeno que, não obstante, será realizado através das reencarnações que lhes facultarão a vitória sobre os carmas negativos e, mediante as leis de causa e efeito, passo a passo, em esforço contínuo poderão fazê-lo.
Da mesma forma, a reencarnação aclara a cartografia da consciência de De Ropp, quando ele analisa os níveis que diferenciam os indivíduos na imensa mole humana.
As experiências acumuladas promovem ou retêm o indivíduo nos fenômenos decorrentes das ações praticadas, beneficiando-os ou afligindo-os com as sombras que lhes permanecem dominadoras, na condição de resíduos espirituais. A consciência filtra-os e, por não os poder digerir, transforma-os em conflitos, perturbações, estados psicopatológicos, requerendo terapias especializadas e contínuas.
Em qualquer nível, porém, a partir do sono com sonhos, a vontade desempenha um papel relevante, impulsionando o ser a novas realizações e conquistas completadoras que enriquecem o arsenal psicológico, amadurecendo o essencial à vida e selecionando-o do amontoado egóico do supérfluo.
Psicoterapeuta Excepcional com a Sua visão realista e criativa, Jesus definiu a necessidade de buscar-se primeiro o reino dos Céus, pois que esse fanal ensejaria a conquista de todas as outras coisas. E óbvio que, ao se adquirir o essencial, todas as coisas perdem o significado, por se encontrarem destituídas de valor face ao que somente é fundamental. Outrossim, alertou sobre o imperativo de fazer-se ao próximo o que se gostaria que este lhe fizesse, fixando no amor o processo de libertação, na ação edificante o meio de crescimento e na oração fortalecedora a energia que proporciona o desiderato.
Esse desempenho favorece a perfeita identificação do sentimento com o conhecimento, resultando na conquista do Eu profundo em sintonia com a Consciência Cósmica.
DIVALDO P. FRANCO - O SER CONSCIENTE - Pelo Espírito Joanna de Ângelis
quarta-feira, 13 de julho de 2011
LIBERTAÇÃO DOS CONTEÚDOS NEGATIVOS
Graças ao atavismo predominante em sua natureza, o homem guarda as primeiras expressões da consciência em nível inferior, no qual confunde o eu com o objeto, e a sua é somente uma percepção sensorial.
A identificação com o próprio corpo propicia-lhe uma consciência orgânica, deformada, de que se libera a pouco e pouco, avançando para a transferência desse conteúdo para outro nível de discernimento e direcionamento.
No processo de evolução, porque estagia nas faixas do instinto que o submete, vai adquirindo outros valores, sem desidentificar-se dos conteúdos fixados, em razão dos quais a marcha se lhe torna muito lenta.
A consciência individual, representando a Cósmica, a princípio parece deslocada e diferenciada. No entanto, o Deus em nós do conceito evangélico reflete-se nessa percepção embrionária, que se desenvolverá na sucessão das experiências até liberar-se e alcançar a totalidade.
De forma penosa, não raro, a libertação dos conteúdos negativos — paixões dissolventes, apegos, ilusões, sentimentos inferiores — faculta os anseios pelas conquistas de outros níveis, nos quais o bem-estar e a paz formam os novos hábitos, a nova natureza do ser.
A Psicologia tradicional, considerando patológicos os níveis superiores, define cada um deles com nomenclatura especial, por desinteresse de penetrar nos estados alterados da consciência, que levariam à constatação do ser preexistente ao corpo como sobrevivente à morte.
No nível de consciência inferior, os estados alterados demonstram que muitos desses conteúdos negativos, emergentes e predominantes, procedem das reencarnações passadas, não foram liberados, nem conseguiram diluir-se através das ações enobrecedoras.
Todos os conteúdos primitivos provêm de realizações e fixações sempre anteriores, que somente as disciplinas do esforço, da concentração, da meditação para a ação, conseguem libertar.
Em razão disso, a meditação é uma terapia valiosa para superar os conteúdos negativos, com o objetivo de liberar o inconsciente, ao invés de esmagá-lo ou asfixiá-lo, e, longe, ainda, de o conscientizar, gerar novas formulações e identificações atuais que, no futuro, assomarão como recursos elevados.
Todos os formuladores da consciência superior são unânimes, seja no orientalismo ou na Psicologia Trans-pessoal, em recorrer à terapia da meditação, que faculta o autoconhecimento, preenche os vazios causados pela insatisfação, anula o eu corporal — rico das necessidades dos sentidos — para despertar os ideais subjetivos, as transferências metafísicas.
No nível de consciência superior, o eu deixa de ser mais eu, para ser uma síntese e vibrar em harmonia com o Todo.
Desaparece a fragmentação da Unidade e o equilíbrio transpessoal sincroniza com a Consciência Universal.
A característica fundamental do nível inferior, portanto, da prevalência dos conteúdos negativos, é a fragilidade do Eu profundo ante as exigências do ego atormentado, gerando projeções da sombra e desarticulando os projetos de paz.
A Psicologia espírita, por sua vez, cuidando do homem integral, distingue também nos conteúdos psíquicos, negativos, a ingerência de mentes desencarnadas obsessoras, que se comprazem no intercâmbio perturbador, propiciando desconforto e aflição em desforços cruéis, mediante alienações de variados cursos.
Ao mesmo tempo, seres outros desencarnados, invejosos quão infelizes, vinculados às criaturas humanas por afetividade mórbida ou despeito cruento, estabelecem fenômenos de hipnose que retardam o desenvolvimento da consciência daqueles que lhes experimentam o cerco.
Na psicoterapia espírita, o conhecimento da sobrevivência e do inter-relacionamento entre os seres das duas esferas — física e espiritual — oferece processos liberativos centrados sempre na transformação moral do paciente, sua renovação interior e suas ações edificantes, que facultam o discernimento entre o bem e o mal, propiciando a transferência para o nível superior, no qual se torna inacessível à indução perversa.
A meditação, a busca interna, nessa fase, são relevantes e cientificamente basilares para o processo de crescimento, de discernimento, de lucidez.
O homem avança no rumo da sua destinação, a passo vagaroso nos primeiros níveis de consciência, por desinteresse, ignorância, apressando a marcha na razão direta em que vence tais patamares e descobre a excelência das conquistas com que se enriquece.
A libertação dos conteúdos negativos é inevitável; no entanto, vários fenômenos patológicos e preferências emocionais, perturbadoras, interferem para que sejam mantidos, sendo necessário que os psicoterapeutas vigilantes insistam junto a esses pacientes em que se descubram e encontrem os benefícios dos níveis superiores.
Libertação é felicidade, e consciência enriquecida pelos conteúdos superiores significa plenitude, reino dos céus, mesmo durante o trânsito terrestre.
DIVALDO P. FRANCO - O SER CONSCIENTE - Pelo Espírito Joanna de Ângelis
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