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sábado, 13 de agosto de 2011

O HOMEM MODERNO



Buscando enganar a sua realidade mediante a própria fan­tasia, o homem moderno procura a projeção da imagem sem o apoio da consciência. Evita a reflexão esclarecedora, que pode desalgemar dos problemas, e permanece em contínuas tentativas de negar-se, mascarando a sua individualidade. O ego exerce predominância no seu comportamento e estereo­tipa fantasias que projeta no espelho da imaginação.

Irrealizado, porque fugindo do enfrentamento com o seu eu, transfere-se de aspirações e cuidados a cada novidade que depara pelo caminho. Não dispõe de decisão para desmasca­rar o ego, por temer petrificar-se de horror, qual se aquele fosse uma nova Medusa, que Perseu, e apenas ele, venceu, somente porque a fez contemplar-se no escudo espelhado que lhe dera Atena...

Obviamente, esse espelho representa a consciência lúci­da, que descobre e separa objetivamente o que é real daquilo que apenas parece. Nesse sentido, o ego que vive e reincide nos conteúdos inconscientes, necessita de conscientizar-se, desidentificando-se dos seus resíduos emergentes.

O homem vive na área das percepções concretas e, ao mesmo tempo, das abstratas.

A cultura da arte faz que ele se porte, ora como observa­dor, ora como observado e ainda o observador que se observa, a fim de poder transformar os complexos ou conflitos inconscientes em conhecimentos que possa conduzir, senhor da sua realidade, dos seus atos.

Sua meta é poder sair da agitação, na qual se desgoverna, para observar-se, a distância, evitando o sofrimento macerador.

A este ato chamaremos a separação necessária entre o sujeito e o objeto, através da qual se observam os aconteci­mentos sem os sofrer de forma dilacerante, modificando o estado de ânimo angustiante para uma simples expressão do conhecimento, mediante a transferência da realidade que jaz no espírito para o exterior das formas e da emoção.

A reflexão constitui um admirável instrumento para o lo­gro, apoiando-se na cultura e na realização artística, social, solidária, que desvela os mananciais de sentimento e de cons­ciência humanos.

Jogado em um mundo exterior agressivo, no qual predo­minam a luta pela sobrevivência do corpo e a manutenção do status, o homem acumula conteúdos psíquicos não descartá­veis nem digeríveis, avançando, apressado, para o stress, as neuroses, as alienações.

Acumula coisas e valores que não pode usar e teme per­der, ampliando o campo do querer, mais pelo receio de pos­suir de forma insuficiente, sem dar-se conta da necessidade de viver bem consigo mesmo, com a família e os amigos, participando das maravilhosas concessões da vida que lhe estão ao alcance.

A mensagem de Jesus é uma oportuna advertência para essa busca insana, quando Ele recomenda que “não se ande, pois, ansioso pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã a si mesmo trará seu cuidado; ao dia bastam os seus próprios males.”(*)

(*) Mateus: capítulo 6, versículo 34 - Nota da Autora espiritual.

Comedir-se, agir com sensatez e tranquilidade, confiar nos próprios valores e nas possibilidades latentes são regras que vão ficando esquecidas, a prejuízo da harmonia pessoal dos indivíduos.

Os interesses competitivos postos em jogo, a aflição por vencer os outros, o sobrepor-se às demais pessoas desarticu­laram as propostas da vitória do homem sobre si mesmo, da sua realização interior, da sua harmonia diante dos proble­mas que enfrenta.

As linhas do comportamento alteradas, in­duzindo ao exterior, devem agora ser revisadas, sugerindo a conduta para o conhecimento dos valores reais, a redescober­ta do sentido ético da existência, a busca da sua imortalidade.

Quando o homem moderno passar a considerar a própria imortalidade em face da experiência fugaz do soma, empre­enderá a viagem plenificadora de trabalhar pelos projetos du­radouros em detrimento das ilusões temporárias, observando o futuro e vivendo-o desde já, empenhado no programa da sua conscientização espiritual.

Nele se insculpirá , então, o modelo da realização em um ser integral, destituído do medo da vida e da morte, da sombra e da luz, do transitório e do permanente, da aparência e da realidade.

O HOMEM INTEGRAL - DIVALDO PEREIRA FRANCO - DITADO PELO ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A TRAGÉDIA DO COTIDIANO




Os conteúdos psicológicos do homem hodierno são de aturdimento, instabilidade emocional, insegurança pessoal, levando-o à perda do senso trágico.

Desestruturados pelos choques comportamentais e esma­gados pelo volume das informações impossíveis de serem digeridas, as massas eliminam arquétipos ou os transferem para indivíduos imaturos portadores de fragilidade psicoló­gica, aterrando-os, soterrando-os, na avalanche das necessi­dades mescladas com os conflitos existenciais.

Simultaneamente, desaparecem os mitos ancestrais indi­viduais e a cultura devoradora investe contra os outros, os coletivos, deixando as criaturas desprotegidas das suas cren­ças, dos seus apoios psicológicos.

A fé cega substituída pela ditadura da razão, destruiu ou substituiu os mitos nos quais se sustentavam os homens, apresentando outros, igualmente frágeis, que novamente sofrem a agressão dos valores contemporâneos.

A consciência coletiva, herdeira do choque dos opostos, do ser e do não ser, da coragem e do medo, do homem e da mulher, não sobrevive sem a segurança mítica.

Os seus arquétipos, multimilenarmente estruturados na convicção mitológica, alternam a forma de sobrevivência, transferindo-se os mitos deificados, porém sobreviventes, na sua profundidade psicológica, a todos os golpes mortais que lhe foram desferidos através dos tempos.

Ressuscitam, não obstante, disfarçados em novos mode­los, porém, ainda dominadores, prometendo glórias e casti­gos, prazeres e frustrações aos seus apaniguados, conforme o culto que deles recebam.

Assim, ao lado da violência que se espraia dominadora, vicejam religiões apressadas, salvadoras, na sua ingenuidade mítica, arrastando multidões desprevenidas e sem esclareci­mento que, fracassadas, no contubérnio social, ali se refugi­am, cultuando o paraíso eterno que lhes está reservado como prêmio ao sofrimento e ao desprezo de que se sentem objeto pela cultura consumista e desalmada.

A auto-realização pelo fanatismo mantém os bolsões da miséria sócioeconômica, por não trabalhar o idealismo laten­te no homem, a fim de que transforme os processos gerado­res da desgraça atual em realização pessoal e felicidade, na Terra, mesmo.

De certa maneira, o arrebanhar das multidões para as cren­ças salvadoras diminui, de alguma forma, o volume da vio­lência, que irrompe, paralelamente, porquanto, sem o mito da salvação pela fé, toda essa potencialidade seria canaliza­da na direção da agressividade destruidora.

A agressividade salvacionista a que dá lugar, embora os prejuízos éticos e sociais que engendra, acalma os conteúdos psicológicos desviando os sujeitos dos crimes que poderiam cometer.

O mito da violência, por sua vez, nascido nos porões do submundo da miséria sócioeconômico-moral e graças à eclo­são das drogas em uso abusivo, engendra o símbolo da força, do poder, do estrelismo, no campeonato da aventura e da bra­vata, exibindo as heranças atávicas da animalidade primitiva ainda predominante no homem.

Toma-se pela força o que deveria ser dado pela fraterni­dade, através do equilíbrio da justiça social e dos deveres humanos, em solidário empenho pela promoção dos indiví­duos, dignos de todos os direitos à vida que apenas alguns desfrutam.

A tragédia do cotidiano se apresenta nas mil faces da vi­olência que se mescla ao comportamento geral, muitas vezes disfarçando-se até em formas de submissão rebelde e humildade-humilhante, que descarregam suas frustrações adquiri­das ao lado dos mais fortes, no dorso desprotegido dos mais fracos.

Os conteúdos psicológicos, mantenedores do equilíbrio, fragmentam-se ao choque do cotidiano agitado e desestrutu­ram o homem que se asselvaja, ou foge para a furna sombria da alienação, considerando-se incapaz de enfrentar a convi­vência difícil do grupo social, igualmente superficial, inte­resseiro, despreparado para a conjuntura vigente.

Graças a isso, os indivíduos fracassam ou enfermam, atri­tam ou debandam enquanto os crédulos ressuscitam os mitos das velhas crendices de males feitos, de perseguições da in­veja, do ciúme e do despeito, ou arregimentam argumentos destituídos de lógica para explicarem as ocorrências malsu­cedidas, danosas...

Certamente, sucedem tais perseguições; busca-se o mal­fazer; campeiam as paixões inferiores que são pertinentes ao homem, ainda em estágio infantil da sua evolução, sem que seja mau.

A sua aparente maldade resulta dos instintos agressivos ainda não superados, que lhe predominam em a natureza ani­mal, em detrimento da sua natureza espiritual.

Em toda e qualquer tragédia do cotidiano, ressaltam os componentes psicológicos encarregados da desestruturação do homem, nesse processo de individuação para adquirir uma consciência equilibrada, capaz de proporcionar-lhe paz, saú­de, realização interior, gerando, no grupo social, o equilíbrio entre os contrários e a satisfação real da convivência não com­petitiva, no entanto cooperativa.

O HOMEM INTEGRAL - DIVALDO PEREIRA FRANCO - DITADO PELO ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

DOENÇAS FÍSICAS E MENTAIS



       A expressiva soma de atividades físicas e mentais atesta que o homem é um ser inacabado. A sua estrutura orgânica aprimorada nos milênios da evolução antropológica, ainda padece a fragilidade dos elementos que a constituem.

Vulnerável a transformações degenerativas, é tecido que reveste o psiquismo e que através dos seus neurônios cere­brais se exterioriza, afirmando-lhe a preexistência conscien­cial, independente das moléculas que constituem a aparelha­gem material.

A consciência, na sua realidade, é fator extrafísico, não produzido pelo cérebro, pois que possui os elementos que se consubstanciam na forma que lhe torna necessária à exterio­rização.

Essa energia pensante, preexistente e sobrevivente ao cor­po, evolve através das experiências reencarnacionistas, que lhe constituem processo de aquisição de conhecimentos e sentimentos, até lograr a sabedoria. Como consequência, faz-se herdeira de si mesma, utilizando-se dos recursos que ame­alha e deve investir para mais avançados logros, etapa a eta­pa.

Em razão disso, podemos repetir que somente “há doen­ças, porque há doentes”, isto é, a doença é um efeito de dis­túrbios profundos no campo da energia pensante ou Espírito.

As suas resistências ou carências orgânicas resultam dos processos da organização molecular dos equipamentos de que se serve, produzidos pela ação da necessidade pensante.

O psicossoma organiza o soma necessário à viagem, bre­ve no tempo, para a individualidade espiritual.

As doenças orgânicas se instalam em decorrência das necessidades cármicas que lhe são inerentes, convocando o ser a reflexões e reformulações morais proporcionadoras do ree­quilíbrio.

Nas patologias congênitas, o psicossoma impõe os fato­res cármicos modeladores necessários à evolução, sob impo­sitivos que impedem, pelos limites de injunções difíceis, a reincidência no fracasso moral.

Assim considerando, à medida que a Ciência se equipa e soluciona patologias graves, criando terapias preventivas e proporcionando recursos curativos de valor, surgem novas doenças, que passam a constituir-se tremendos desafios. Isto se dá, porque, à evolução tecnológica e científica da socieda­de não se apresenta, em igual correspondência, o mecanismo de conquistas morais.
O homem conquista o exterior e perde-se interiormente. Avança na horizontal do progresso técnico sem o logro da vertical ética. No inevitável conflito que se estabelece -co­modidade e prazer, sem harmonia interna nem plenitude- desconecta os centros de equilíbrio e abre-se favoravelmente a agentes agressores novos, aos quais dá vida e que lhe de­sorganizam os arquipélagos celulares.

Outrossim, as tensões, frustrações, vícios, ansiedades, fobias facultam as distonias psíquicas que são somatizadas aos problemas orgânicos ou estes e suas sequelas dão surgi­mento aos tormentos mentais e emocionais.

Todo equipamento para funcionar em harmonia com ajustamento, para as finalidades a que se destina, exige per­feita eficiência de todas as peças que o compõem.

Da mesma forma, a maquinaria orgânica depende dos flu­xos e refluxos da energia psíquica e esta, por sua vez, das respostas das diversas peças que aciona. Nessa interdepen­dência, a vibração mental do homem é-lhe propiciadora de equilíbrio ou distonia, conscientemente ou não.

Sabendo ca­nalizar-lhe a corrente vibratória, organiza e submete os im­plementos físicos ao seu comando, produzindo efeitos de saúde, por largo período, não indefinidamente, face à precariedade dos elementos construídos para o uso transitório.

As doenças contemporâneas, substituindo algumas anti­gas e somando-se a outras não debeladas ainda, enquadram-se no esquema do comportamento evolutivo do ser, no seu processo de harmonização interior, de deificação.

Na sua essência, a energia pensante possui os recursos divinos que deve exteriorizar. Para tanto, à semelhança de uma semente, somente quando submetida à germinação fa­culta a eclosão dos seus extraordinários elementos, até então adormecidos ou mortos. A morte da forma desata-lhe a vida latente.

A mente equilibrada comandará o corpo em harmonia e, nesse intercâmbio, surgirá a saúde ideal.

O HOMEM INTEGRAL - DIVALDO PEREIRA FRANCO - DITADO PELO ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS